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Falando de dinheiro

Aprender para ensinar

É importante procurarmos consumir com consciência, não apenas para nosso equilíbrio financeiro e saúde mental, mas também, para a preservação do planeta Terra. Tornar-se uma pessoa mais consciente com seu dinheiro, além de outros recursos, como a água, a energia elétrica, o tempo e a própria saúde, é essencial para a vida de hoje e a do futuro.

O tempo da pandemia do coronavírus que estamos vivendo já foi suficiente para que muitas pessoas e famílias promovessem mudanças em suas vidas, principalmente de consumo, fazendo-as reduzir, substituir ou eliminar hábitos e gastos.

A maioria da população, entretanto, mesmo passando por dificuldades financeiras, não sabe como sair da situação. Neste contexto, um movimento global propõe-se a expandir a educação financeira. O setor privado, governos e organização da sociedade civil em todo o mundo estão acordando para a necessidade de ajudar pessoas despreparadas a administrarem seu dinheiro.

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Na Europa e nos Estados Unidos, já acontecem iniciativas intensas que visam educar as pessoas para se organizarem financeiramente e consumir de maneira equilibrada. Um dos movimentos chama-se “slow consumption”.

No Brasil, o Reclame Aqui, um dos sites mais acessados do mundo, que atua como canal independente de comunicação entre consumidores e empresas, e a XPEED School, braço de educação financeira da XP Inc., uniram-se para contribuir de forma ativa na educação financeira dos consumidores brasileiros. As duas empresas lançaram vários cursos, desde o básico até o avançado, para ensinar os consumidores brasileiros não só se organizarem financeiramente, mas também a investirem para aumentar seu poder de compra, seu patrimônio e sua independência financeira. A meta é dar educação financeira a mais de 30 milhões de usuários e 400 mil empresas cadastradas no Reclame Aqui.

Apesar de o Brasil ter constituído a sua própria Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), em 2010, através da união de diversos órgãos públicos de ampla atuação, apenas em 2020 as escolas passaram a ser obrigadas a inserir atividades sobre o tema em suas grades curriculares na Base Nacional Comum Curricular.

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Quando se fala da importância da educação financeira nas escolas, o primeiro desafio está relacionado à insegurança que os professores sentem em trazer o tema para a sala de aula.

Um estudo apurou que apenas 21,1% dos que responderam à pesquisa informaram ter preparo bom ou muito bom para lecionar o tema, enquanto 42,3% entendem que seu preparo é razoável e 36,6% o considera ruim ou muito ruim.

Parte da insegurança dos educadores vem do paradigma segundo o qual, como finanças lida com números, apenas os professores de matemática poderiam lecionar educação financeira. Entretanto, diferente do que a maioria acredita, a disciplina pode ser ministrada de forma transversal, podendo ser abordada em todas as matérias.

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Por isso, há poucos dias foi anunciada uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que visa oferecer formação em educação financeira para 500 mil professores do Brasil.

Os cursos de formação, com duração de 40 horas-aula, na modalidade EaD, começarão no próximo mês de julho e serão de formação continuada para professoras de toda educação básica das redes pública e privada. A meta do MEC é levar educação financeira para 20 a 25 milhões de alunos, principalmente dos anos finais do Ensino Fundamental.

Pesquisas sobre educação financeira, publicadas nos últimos anos, buscam identificar a validade desses programas e principalmente se a educação financeira realmente funciona. Thiago Godoy, head de educação financeira da XP Inc e especialista em psicologia do dinheiro e bem estar financeiro, publicou, em 19/11/2020, o artigo “A Educação Financeira funciona?” Nesse artigo, o autor cita o estudo da dra. Annamaria Lusardi, Diretora do Centro de Letramento Financeiro da George Washington University (GFLEC), dos EUA, que contatou que:

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1º – Há evidências claras de que a educação financeira não só afeta o conhecimento financeiro como, também, o comportamento financeiro;

2º – A educação financeira faz diferença na vida das pessoas;

3º – Diferente de outras matérias que, em pouco tempo, são esquecidas, o aprendizado da educação financeira é levado pela criança e pelo jovem para a sua vida adulta.

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Muitas pessoas, inclusive especialistas, falam em finanças pessoais e educação financeira como se fossem a mesma coisa. Finanças pessoais trata de técnicas como saber fazer alguns cálculos, pesquisar preços, preparar e seguir um orçamento doméstico, conhecer produtos financeiros e melhores estratégias de investimento, evitar o endividamento, etc . Enfim, o eixo principal é o consumo consciente, mas, que pode apenas empatar ganhos e gastos.

A Educação Financeira, por sua vez, inclui as técnicas das finanças pessoais, e vai além. Na definição de Reinaldo Domingos, mentor da DSOP Educação Financeira, “Educação Financeira é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no comportamento, com o objetivo de construir um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o SER, o FAZER e o TER, com escolhas conscientes para a realização de sonhos”.

Um dos principais objetivos da educação financeira é ajudar as pessoas a estabelecerem uma relação mais saudável com o dinheiro. Mas, não é só isso. Trata-se de uma ciência que pretende promover mudança de comportamentos, hábitos e costumes em relação dinheiro. O objetivo da educação financeira, portanto, não é apenas o consumo consciente, mas a realização de sonhos.

Por essa razão, é importante investir na formação dos professores. Eles poderão administrar melhor suas próprias finanças e, mais confiantes, percebendo os resultados em seus ambientes pessoais, serão grandes multiplicadores do conhecimento. Afinal, repetindo um sábio clichê, investir nos professores é investir no futuro de toda a sociedade.

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