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Aprender com os pais

Em 30 de março, meu pai, que, além do nome, me legou a teimosia típica dos germânicos, estaria completando 87 anos. Mas ele nos deixou cedo, sem aviso algum. Um infarto fulminante, ao chegar de uma pescaria com a minha mãe, em Tramandaí, provocou a morte dele, aos 52 anos. Era um homem cheio de energia e de atividades. Foi vereador, empresário, integrante de diversas entidades – muitas beneficentes – e tinha muitos planos para a aposentadoria.

Já minha mãe partiu há quatro anos, vítima de um câncer de pulmão. Por dez anos, ela viveu com apenas um destes órgãos, levando uma vida normal. Era uma abnegada mãe e uma esposa amorosa. Durante seus 83 anos, cultivou uma humildade inacreditável. Era bem humorada. Ensinou várias piadas picantes, sempre em alemão, além de ser uma cozinheira e doceira de mão cheia.

Atualmente, com dois filhos já adultos, lembro com muita frequência “dos velhos” durante o dia. Recordo da infância que tivemos na colônia de um pequeno município gaúcho do Vale do Taquari (Arroio do Meio). Já do velho Giba herdei a obsessão pelo trabalho e pelo cuidado extremado à família, além da fidelidade aos amigos. Com a dona Gerti aprendi preceitos como solidariedade, parceria e o valor de manter bem vivas sempre minhas origens. “Nunca esquece de onde tu veio”, repetia.

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Em tempos de tecnologia avassaladora, confesso que não sei como faria para criar meus filhos. Cada amigo/amiga que comunica a “boa nova” da primeira gravidez causa sentimentos antagônicos dentro de mim. De verdade! Sim, as tentações sempre existiram, principalmente na rumorosa fase da adolescência, mas hoje esta fase é cada vez mais precoce. E desafiadora para pais e mães.

Hoje, os professores se tornaram resilientes educadores diante de tantos desafios resultantes da natureza invasiva das múltiplas inovações. Eles também se transformaram em bodes expiatórios para pais omissos que ocupam o tempo disponível com os filhos para ler mensagens, fazer postagens e se divertir nas redes sociais.

Com meus pais, aprendi a respeitar as pessoas, sem distinção. Faço do trabalho um meio de sustento e de realização profissional. Parceiros de longa data são alvo de resgates para retomar contatos “ao vivo e a cores”, através de churrasco, chopes e longos bate-papos.

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Temos a tendência de complicar e dramatizar a vida e os desdobramentos dela. O segredo reside na simplicidade. A receita de vida requer poucos ingredientes: coerência, humildade, perseverança e humanismo. Mudam os hábitos, as modas vão e voltam frequentemente. Termos novos são agregados à comunicação. Mas princípios e valores para “ser um ser humano do bem” permanecem inalterados.

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