Mesmo com saúde, família e amigos por perto, confesso que nesta época do ano fico um pouco nostálgico, driblando o desânimo, a depressão. Sou um cara afetuoso, que adora conversar, me relacionar com as pessoas, mas algumas perdas me balançam.
Poucos que me conhecem acreditarão, mas até os 18/20 anos fui muito tímido, um bicho do mato, mas o jornalismo me salvou. A facilidade para escrever me levou à comunicação, como indicaram todos os testes vocacionais. Quem tem mais de 40 anos sabe do que estou falando. Aos mais jovens sugiro procurar no Google, o amansa-burro da atualidade.
Desde então tenho facilidade de conviver em ambientes desconhecidos. Talvez porque seja movido pelo afeto. Me importo com amigos, com as pessoas próximas. Um colega que perde o emprego me liga. Imediatamente marco um café ou almoço. Sei que ele precisa: desabafar, botar para fora sua inconformidade. Ouvi-lo é vital para que ele receba uma injeção de ânimo, seguir adiante.
Publicidade
Nunca estivemos tão conectados. Todos sabem da vida de todos, mas nunca houve tanta solidão, depressão e isolamento social. Por isso, rever velhos amigos será agenda em 2019, já que este ano pouco fiz nesse quesito. A idade e o tempo mostram a importância de manter os afetos forjados ao longo da vida.
O final de ano traz à memória personagens fundamentais na minha vida. Meu pai, falecido aos 52 anos, e minha mãe, que partiu em 2016, fazem uma falta danada. Mas Deus – como sempre – foi generoso. Meus filhos – Laura e Henrique – são o centro da minha vida. Por eles acordo às 6 horas, durmo pouco, trabalho duro, cultivo parcerias e suporto agruras inimagináveis para garantir o sustento deles.
Apostar no afeto garante bem-estar à consciência, paz ao coração e um travesseiro suave à noite. Dormir sem conflitos de consciência é sagrado para mim. Há poucos meses renunciei à estabilidade profissional por discordar do tratamento que recebia. Não foi a primeira vez. Me preparei para tempos de turbulência e incertezas.
Publicidade
Muitos não entenderam porque saí nesta época de muitas despesas com compras de Natal, férias, IPVA, IPTU ao abrir mão de quatro anos de emprego garantido. Não tenho reservas significativas, também não encaro a vida com romantismo, mas algumas coisas são irrenunciáveis.
2019 bate à porta. Mudar radicalmente não é fácil, mas é sempre possível fazer pequenos ajustes, dar vazão ao carinho, ao afeto. Basta abrir espaço na rotina para fomentar o contato pessoal em detrimento, talvez, de algumas horas gastas ao celular.
Publicidade
This website uses cookies.