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Aposentada cai no conto do bilhete e perde R$ 7 mil

Foto: Alencar da Rosa

Ainda que os crimes de estelionato tenham sido modificados e adaptados pelos criminosos ao longo dos anos, um dos golpes mais antigos da história do Brasil segue fazendo vítimas, inclusive no Vale do Rio Pardo. Um novo caso do clássico conto do bilhete premiado foi registrado em Santa Cruz do Sul na última terça-feira. Por volta das 10 horas, uma mulher de 70 anos foi abordada por dois estelionatários quando caminhava na Rua Carlos Trein Filho, no Centro.

O primeiro deles, que aparentava ser muito humilde, pediu auxílio para retirar o prêmio do bilhete. Pela ajuda, pagaria parte do valor à aposentada. Nesse momento, o outro homem chegou e disse que poderia ajudar, dando indícios de que o bilhete estava mesmo premiado. O primeiro então pediu um valor à vítima, como garantia de boa-fé, e prometeu repassar-lhe parte do prêmio depois.

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A santa-cruzense então sacou R$ 2 mil em um banco. Depois, efetuou mais uma transferência de R$ 5 mil, totalizando R$ 7 mil repassados aos estelionatários. Os golpistas foram embora sob pretexto de sacar o prêmio e repassar o valor à vítima, que aguardou. No entanto, eles não voltaram mais e a mulher percebeu que havia caído em um golpe.

Detalhes do caso, como o valor do prêmio fictício que o golpista relatava ter ganho e peculiaridades da abordagem, serão apurados pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP). Até o momento, os investigadores têm o nome de uma pessoa de outro município, para o qual foi feita a transferência de R$ 5 mil. A mulher, nervosa com a situação, preferiu não ir à delegacia para fazer o registro.

A comunicação do crime foi realizada pelo filho dela, logo na tarde de terça-feira. A comunicação de ocorrência precisava ser feita com urgência na tentativa de identificar os autores e reaver, pelo menos, a quantia transferida.

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Como funciona
Ao longo do tempo, os estelionatários modificaram a maneira de atuação. No entanto, basicamente o golpe começa quando um criminoso aparece dizendo estar com um bilhete de loteria premiado. Ele pede ajuda, alegando que não pode ou não consegue retirar o valor. Em alguns casos, as vítimas encontram o golpista chorando ou lamentando-se por não poder efetuar o suposto saque. Passando-se por pessoa humilde, o estelionatário promete uma recompensa em dinheiro após receber seu prêmio.

A promessa de uma grande quantia de dinheiro fácil e rápida é o que faz tantas pessoas morderem a isca. A partir daí, o golpista exige um valor, sob pretexto de que precisa de “uma garantia” de que a pessoa abordada, uma vez tendo trocado o bilhete, não fugirá levando todo o prêmio. O que a vítima não percebe é que, após entregar essa garantia, o criminoso dará um jeito de desparecer levando consigo o dinheiro.

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O golpe geralmente é aplicado por mais de um criminoso. Via de regra, aparece um segundo criminoso, que se intromete e diz conhecer alguém de um banco, ou até mesmo trabalhar lá, e “comprova” a validade do bilhete. Muitas vezes, esse indivíduo pega o celular, simula uma ligação para uma lotérica e pede que sejam citados os números sorteados pela loteria. Então, passa o telefone para a vítima. Do outro lado da linha, o suposto atendente da lotérica – na verdade, um terceiro estelionatário – cita justamente os números do bilhete que está com os comparsas, fazendo a vítima acreditar que realmente fora premiado.

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Golpe é recorrente e aplicado há quase 90 anos no Brasil
O conto do bilhete é um dos golpes mais antigos de que se tem conhecimento. Embora existam relatos vagos de que crimes semelhantes já fossem aplicados no século 19, o primeiro caso confirmado no Brasil foi há quase 90 anos, em 1934, na cidade de São Paulo. Desde então, não parou mais. Em março passado, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prendeu uma quadrilha especializada em aplicar o conto do bilhete.

Ainda no ano de 2018, um grupo criminoso de Passo Fundo, acusado de aplicar esse golpe desde a década de 1990, foi detido pela antiga Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) do município do Norte do Estado. Em um dos casos de maior repercussão na região nos últimos anos, uma mulher de 80 anos perdeu R$ 100 mil em maio de 2018, em Santa Cruz do Sul, após ser abordada por uma dupla na Rua Borges de Medeiros, no Centro.

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