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Após pressão de quase 20 anos, países são autorizados a importar genéricos

Depois de uma espera de quase duas décadas, países pobres poderão começar a importar remédios genéricos. Nesta segunda-feira, 23, entrou finalmente em vigor uma emenda às regras da Organização Mundial do Comércio que permite a mudança no fluxo de medicamentos. Para o Brasil, a medida pode significar uma queda no custo de remédios e também a abertura de mercados para a produção nacional de genéricos. 

Os debates sobre a reforma nas regras sobre propriedade intelectual começaram ainda no final dos anos 90. Em 2001, o assunto foi uma das principais bandeiras do então ministro da Saúde, José Serra. O debate foi mantido durante o governo Lula e, em 2005, os países emergentes conseguiram votos suficientes para derrubar a resistência dos países ricos e modificar as leis de patentes. 

Mas, para entrar em vigor, a reforma precisa da ratificação de dois terços dos membros da OMC, o que foi atingido nesta segunda-feira com a ratificação de Burkina Faso, Nigéria, Liechtenstein, Emirados Árabes e Vietnã. 

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No acordo original, de 1995, a OMC permitia que países pobres produzissem remédios genéricos em caso de emergência nacional. As leis exigiam que esses produtos não fossem exportados e o governo, para iniciar a produção, era obrigado a quebrar patentes de multinacionais. 

O problema é que, para muitos países pobres, a brecha não solucionava seu problema de acesso aos remédios. Dezenas de economias pelo mundo não tem a capacidade de produzir, nem mesmo a partir de patentes já existentes. Sem poder produzir, esses governos precisariam importar, o que era proibido. 

Carregamentos de remédios genéricos entre a Índia e o Brasil, além de produtos destinados a outros países, chegaram a ser confiscados e destruídos nos portos holandeses, quando faziam escala. O governo americano chegou a abrir uma disputa comercial contra o Brasil, gerando uma reação internacional forte por parte de ativistas.

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Pressionada, a OMC chegou a um consenso para abrir a possibilidade para que essa importação ocorresse. Na prática, isso reduziria os gastos dos estados na compra de remédios e permitiria maior distribuição. Mas, para as multinacionais, isso também significaria uma pressão para baixo nos preços. 

Com a entrada em vigor do acordo, o Brasil pode ser um dos favorecidos. Em primeiro lugar, a pressão por preços reduzidos diante do comércio de genéricos pode influenciar nas negociações entre multinacionais e o Ministério da Saúde, principalmente na compra de remédios para o coquetel contra o HIV. Mas a indústria de genéricos brasileira também pode ver a abertura de novos mercados, principalmente na América Latina e África. 

“Essa é uma emenda muito importante”, declarou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo. “Ela dá garantias legais de que remédios genéricos podem ser exportados com um preço razoável para satisfazer as necessidades de países sem a capacidade de produção farmacêutica ou aqueles com capacidade limitada”, disse. “Ao fazer isso, ela ajuda a população mais vulnerável a ter acesso a remédios para atender suas necessidades, ajudando a lidar com doenças como HIV, tuberculose ou malária, assim como outras epidemias”, afirmou o brasileiro. 

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Margaret Chan, diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), também comemorou. “Isso reforça o papel da saúde em políticas comerciais, disse. Apesar do acordo, Chan insistiu que o mundo ainda está “distante” de garantir um acesso universal a remédios e alertou que os custos da nova geração de tratamentos são “insustentáveis” para dezenas de governos pelo mundo. 

Para Chan, o acordo de patentes “não é suficiente” e a comunidade internacional precisa debater um novo modelo que garanta preços adequados para as populações mais pobres. “A saúde precisa ser prioridade, por mais que as políticas comerciais sejam importantes”, afirmou a ministra de Relações Exteriores do Quênia, Amina Mohamed.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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