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Após pedalar por sete países, Sean chega a Santa Cruz

A ideia de trabalhar menos e viajar mais já rondava a mente de Sean Woolcock há cerca de dois anos. Trabalhando como programador em um escritório, ele tentou uma carga horária reduzida e fez uma viagem-teste em que percorreu cerca de 2 mil quilômetros de bicicleta pela Nova Zelândia. A experiência foi tão boa que ele se decidiu: pediu demissão, vendeu sua casa e partiu de seu lar em Carrboro, no estado americano da Carolina do Norte. 

Aos 41 anos, Sean é um cidadão do mundo, e não só pelas suas viagens. Os pais do Zimbábue moravam em Blumenau quando ele nasceu, tornando-o brasileiro de nascimento e americano de criação, mas ele enfatiza que não fala português muito bem. Nessa quinta-feira, Woolcock chegou a Santa Cruz na casa do pai e da madrasta.  Na bagagem as roupas, equipamentos para acampar e experiências com as quais muitos sonham. Nas fotos e lembranças, quilômetros infindáveis de céu azul, paisagens de cartão-postal em desertos, florestas, geleiras e montanhas. 

O caminho foi cheio de idas e vindas. O ciclista começou sua jornada em agosto passado em Vancouver, no Canadá, após uma visita ao irmão, e de lá pedalou até San Diego, na costa oeste dos Estados Unidos. “Mas eu não pedalei esse tempo todo, tive uma tendinite nos joelhos que me impediu de fazer o caminho todo com a bicicleta. Pelo estado de Washington, eu empurrei a bicicleta ou pedalei com uma perna só”, conta.  

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No meio do itinerário, alguns desvios; um ônibus aqui, um avião acolá. De Ushuaia, na Argentina, ele seguiu pedalando até o Chile. No caminho, fazia suas refeições e dormia à beira da estrada em uma pequena barraca. Em sua viagem, Sean se surpreendeu principalmente com a gentileza das pessoas. “A maioria das pessoas buzinava, e eu pensava ‘mas não estou fazendo nada de errado. Quando passavam por mim, acenavam ou faziam um joinha”, explica com o polegar levantado.

Pai acompanhou trajetória do ciclista por meio de aplicativo

A família estava preocupada. O pai, que mora em Santa Cruz do Sul, achava que o filho poderia ser atropelado. Mas as imagens da viagem começaram a aparecer nas redes sociais e, quando o pai descobriu um aplicativo que permitia acompanhar a localização de Sean, isso o acalmou. O viajante conta que pode se sentir sortudo, já que não teve nenhum problema durante sua movimentação. 

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Na última fase da aventura, Sean estava atrasado em seu itinerário, pegou um avião para Montevidéu, no Uruguai, e de lá veio pedalando ao Rio Grande do Sul. Vencendo o seu próprio desafio, mesmo sem nenhum treinamento anterior, chegou ao destino. Em Santa Cruz, na semana que vem, ele se reunirá também com o irmão que vem do Canadá e a irmã dos Estados Unidos. Conta já sentir falta de pedalar, mesmo tendo chegado há algumas horas, e o peso que perdeu na viagem não importa agora, pois vai engordar comendo “coxinha e quindim”. Em algumas semanas, voltará ao lar para uma festa de casamento e depois segue se aventurando. “O plano é ir para o Chile com uma amiga e comprar cavalos, para fazer outra viagem”, almeja.

Aos aspirantes, Sean explica que viajar com uma bicicleta não é tão difícil quanto parece. Diz que, depois de partir, você descobre que tem a capacidade para completar o percurso. Viajar de bike é muito barato, e qualquer uma, por mais simples, já é um meio. No caminho, pode-se esperar encontrar belas paisagens e a generosidade dos seres humanos.

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