Após a polêmica envolvendo uma encenação da crucificação durante a Parada Gay de São Paulo, realizada no último domingo, 7, o deputado Rogério Rosso, líder do PSD na Câmara, apresentou um projeto de lei propondo tornar crime hediondo o que ele chamou de “cristofobia”. A proposta apresentada na segunda-feira, 8, também tenta elevar a pena prevista para casos de ultraje, impedimento ou perturbação de cultos religiosos. Atualmente ela é de um mês a um ano de prisão ou multa, mas se o projeto foi aprovado poderá ser de quatro a oito anos de prisão, e multa.
Na justificativa do projeto, o deputado afirma que visa proteger a crença e objetos de cultos religiosos, “pois o que vem ocorrendo nos últimos anos em manifestações, principalmente LGBTS, é o que podemos chamar de ‘cristofobia’, com a prática de atos obscenos e degradantes que externam preconceito contra os católicos e evangélicos.”
A crucificação na Parada Gay foi encenada pela atriz transexual Viviany Beleboni, 26, que chegou a afirmar ter recebido ameaças após o evento. “Dizem coisas absurdas: que devo morrer, ser crucificada de verdade, contrair câncer. Acordei cedo com uma ligação anônima, dizendo que eu iria morrer.” Apesar disso, Viviany também recebeu convite para participar da peça “Democracia sem Vergonha”, que estreia em setembro no Teatro Ruth Escobar, em SP. “Aceitei porque não tem nada a ver com o caso”, diz ela, que fará papel de secretária de um político corrupto.
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Repercussão
A simulação da crucificação causou polêmica com religiosos e, também, nas redes sociais. O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, emitiu nota sobre o episódio. “Entendo que quem sofre se sente como Jesus na cruz. Mas é preciso cuidar para não banalizar ou usar de maneira irreverente símbolos religiosos, em respeito à sensibilidade religiosa das pessoas. Se queremos respeito, devemos respeitar”, disse.
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC) postou mensagens em uma rede social criticando a manifestação. Ele acusou os organizadores da parada de debocharem da fé cristã e disse que, ao ser contrário a esse tipo de ato, não exerce preconceito nem intolerância, somente a liberdade de expressão e religiosa.
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Presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP, Marcelo de Oliveira Fausto Figueiredo não vê crime no ato. “Foi uma manifestação forte, mas a meu ver estava dentro da liberdade de expressão.”
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