A Polícia Civil de Vera Cruz ouviu o companheiro da santa-cruzense Gabriela Alves dos Santos, de 25 anos, encontrada morta por enforcamento no dia 21 de setembro, uma semana após o seu aniversário, dentro de uma residência em Vera Cruz. O assunto foi tema de uma reportagem da Gazeta do Sul na edição do último fim de semana.
Na ocasião, o delegado Paulo César Schirrmann relatou que o homem que tinha um relacionamento com a jovem, e encontrou-a morta na propriedade onde viviam, não havia sido encontrado pelos agentes para prestar esclarecimentos e não estaria colaborando com as investigações. Ontem, Schirrmann revelou que a reportagem motivou o comerciante Rodrigo Dias Machado, de 35 anos, a procurá-lo, já na segunda-feira pela manhã.
“A matéria acabou ajudando nesse caso. Ele a leu no jornal e, a partir disso, decidiu comparecer. Comentou que estava no interior, próximo da cidade, acompanhando a movimentação. Relatou que ficou ausente por não estar bem de cabeça e que não sofreu ameaças de ninguém por telefone ou pessoalmente”, disse o delegado. Em seu depoimento, Machado revelou que ele e a vítima estavam separados de relacionamentos anteriores e viviam juntos em uma casa situada em uma zona rural de Vera Cruz, a mesma onde ela foi encontrada morta.
Publicidade
LEIA MAIS: Polícia procura companheiro de jovem encontrada morta em Vera Cruz
O relato dele, porém, abriu um outro desdobramento. Uma nova testemunha, que o comerciante citou em seu depoimento à Polícia Civil, e que teria participado de parte dos acontecimentos no dia 21 de setembro, será procurada para prestar esclarecimentos.
“Essa pessoa foi introduzida no depoimento do rapaz e teria prestado auxílio a ele na noite dos fatos. Com isso, abre-se uma nova informação que ainda não tínhamos, e iremos ouvi-la também antes de concluir o caso”, comentou o delegado Schirrmann. Ele estima como previsão para conclusão do inquérito o final do mês de novembro.
“Disseram até que eu estava na Austrália”
Na tarde de terça-feira, 27, o companheiro de Gabriela, Rodrigo Dias Machado, de 35 anos, entrou em contato com a redação da Gazeta do Sul para dar a sua versão dos fatos. Relatou que, na noite do acontecido, o casal havia ido a uma partida de futebol e depois a um evento de pagode. Na volta, Gabriela teria ficado em casa e ido dormir, e Rodrigo saiu novamente de carro, retornando para a residência, em Vera Cruz, por volta da meia-noite. Então, encontrou a companheira já enforcada. “Eu tentei fazer os primeiros socorros e já chamei a polícia. Não sei o que levou ela a fazer isso. Eu jamais esperava”, afirmou.
Publicidade
Machado contou que teve de excluir suas redes sociais e desmentiu boatos que circulavam na cidade sobre arrombamentos em seu mercado, no Bairro Bom Jesus, e também sobre os cachorros que cria, que teriam sido mortos. “Isso não ocorreu. Foi muita maldade das pessoas tudo que disseram, inclusive sobre eu ter matado ela. Para mim, foi um choque muito grande. Jamais esperava que pudesse viver uma situação dessas”, disse.
Outro esclarecimento feito pelo comerciante foi quanto ao seu suposto desaparecimento após a ocorrência. “Eu não estava escondido. Fechei o mercado para fazer um tratamento em virtude do trauma que sofri diante da situação. Por isso, minha família achou melhor eu me recolher no sítio de um parente.” Ele afirmou que, desde a morte da namorada, vem tomando calmantes e medicações diversas. “Já no dia seguinte passei mal, entrei em desespero, meus parentes tiveram de me levar ao médico”, revelou o rapaz.
Ele conta que foi por meio da reportagem veiculada na edição do fim de semana da Gazeta do Sul que soube que deveria prestar esclarecimentos. “Graças à matéria, pude ver que teria de comparecer para dar meu depoimento à Polícia Civil de Vera Cruz, pois já tinha repassado as informações que eu tinha à polícia no dia mesmo do acontecido, em 21 de setembro.”
Publicidade
O mercado do qual é proprietário deve reabrir na primeira semana de novembro. “Os boatos do povo foram tantos que disseram até que eu estava na Austrália. Por isso, busquei me manifestar hoje (ontem) a vocês para deixar as pessoas tranquilas, pois muitas me procuraram após a veiculação da matéria. Eu estou bem, não sofri nenhum tipo de ameaça. Quanto mais cedo tudo se resolver, mais cedo eu consigo voltar ao trabalho.”
LEIA MAIS
Operação Cúpula prende braço direito de Chapolin na região
12 são presos em ação contra o tráfico; veja os nomes
Quem é o principal preso na Operação Cúpula
RELEMBRE O CASO
Tratada como suicídio, a morte da santa-cruzense Gabriela Alves dos Santos, de 25 anos, no dia 21 de setembro, vem sendo investigada pela Delegacia de Polícia de Vera Cruz. A jovem foi encontrada morta por enforcamento dentro da residência onde morava com seu companheiro, de 35 anos. Ela era irmã de Cássio Alves dos Santos, apontado pela polícia como um dos líderes da facção Os Manos, que comanda o tráfico de drogas no Vale do Rio Pardo.
Publicidade
Conforme a Polícia Civil, a abertura de um inquérito para apurar a morte de Gabriela segue procedimentos de praxe. “Embora saibamos que a vítima era irmã de um homem com passagens pela polícia, eu instauro um processo de investigação em todos os casos de morte violenta, como essa”, disse o delegado Schirrmann. O velório da jovem ocorreu entre a tarde do dia 21 de setembro e a manhã do dia 22. Ela foi sepultada no Cemitério Municipal de Santa Cruz do Sul.
A morte, que completou um mês na última quarta-feira, gerou comoção entre familiares e conhecidos. Nas redes sociais, parentes, amigos, ex-colegas de estudo e de trabalho prestam homenagens desde que a morte foi confirmada. Segundo Schirrmann, as perícias técnicas no local do fato e o laudo da necropsia no corpo da vítima não apontam sinais de luta. Cinco testemunhas já foram ouvidas, e a Polícia Civil busca esclarecer qual a motivação para que a jovem tenha tirado a própria vida. Ela deixou enlutados uma filha de 5 anos, os pais Sidnei e Lucia, irmãos, avós e demais parentes.
LEIA TAMBÉM: Homem que ameaça moradora em vídeo tem 48 registros na ficha policial
Publicidade
This website uses cookies.