Com o prato recheado de feijão, arroz, carne, salada e uma singela fatia de manga, Júlia da Silva Franco, de 7 anos, abre um sorriso ao perceber que a câmera estava voltada para ela. Depois da foto, entre uma garfada e outra, ela e os colegas, Lorenzo D’Avila e Raiane Machado, ambos com 7 anos, conversam sobre as atividades daquela manhã.
“Eu adorei a dança das cadeiras”, contou Raiane exibindo um arco rosa no cabelo. Lorenzo, que não quis perder tempo com tanta conversa, preferiu fazer a refeição calado. Quase no final, respondeu a uma pergunta que lhe fora feita: “Esta comida ‘tá’ muito deliciosa, do jeito que eu amo”, revelou o menino.
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Júlia, Lorenzo e Raiane estão entre os 207 alunos que participam do projeto-piloto Escola de Tempo Integral, iniciado em fevereiro deste ano na Escola Municipal Menino Deus, do Bairro Faxinal Menino Deus. A proposta pedagógica contempla crianças da pré-escola ao quarto ano e completa dois meses em abril. Por meio do projeto, os alunos são recebidos com café da manhã antes de iniciarem as atividades pedagógicas, almoço, lanche e a rotina continua durante a tarde.
O resultado da iniciativa é comemorado pelos familiares dos alunos. A mãe de Julia, por exemplo, a Josiane, expressou o que representa deixar a filha na escola o dia todo. “Sou safreira e me sinto supersegura com a minha filha na escola, e recebendo desde o café da manhã, almoço, lanche, uma educação completa, porque é uma oportunidade de ela aprender mais. Ela já está sabendo ler algumas coisas e está mais interessada nos estudos.”
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O sentimento de segurança e de educação completa também é revelado pelo instalador hidráulico Flávio Ferreira, que tem a filha Kettlyn, de 9 anos, estudando na instituição. “Para nós pais é maravilhoso isso. Percebo que minha filha aprende cada vez mais, e a gente fica aliviado porque ela está sendo bem cuidada”, ressaltou.
A Emef Menino Deus atende 350 alunos, e 207 deles passam o dia inteiro na instituição. Para que isso fosse possível, o educandário foi um dos que mais receberam melhorias em infraestrutura. O ginásio de esportes foi revitalizado, os banheiros passaram por reforma, uma nova lavanderia foi construída, a área externa ganhou uma cancha de areia para a prática de vôlei e diversas outras pequenas intervenções deram cara nova ao estabelecimento de ensino.
De acordo com a prefeita Helena Hermany, a perspectiva é de implantar esse modelo em mais escolas. “Minha maior alegria é perceber os pais e filhos satisfeitos com o projeto. Queremos ampliar a mesma iniciativa para outras escolas, para que mais famílias sejam contempladas com esse modelo de formação completa, sólida, porque é um perfil de educação de primeiro mundo. Que bom que podemos oferecer isso aqui na nossa Santa Cruz”, afirmou.
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A diretora da instituição, Leila Lopes Berlt, avaliou a iniciativa após dois meses de sua implantação. “A primeira coisa que pensamos é que seria ótimo para mantermos as crianças ocupadas, dentro da escola, por não terem o que fazer no turno oposto. O que nos motivou a acolher a proposta é o quanto isso iria beneficiar as famílias. Mas educação é um ato de amor e de coragem, como diz Paulo Freire, então como educadores está sendo um desafio, mas um desafio gratificante”, afirmou.
Mãe de Valentina, Raquel Paz revelou, emocionada, a importância da iniciativa. “Minha gratidão enorme por este projeto. Já percebo uma evolução no desenvolvimento de minha filha. Tenho certeza que, com essa educação que ela e as outras crianças estão recebendo, elas terão oportunidades melhores no futuro”, declarou.
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Para os alunos, uma das muitas possibilidades é o teatro, realizado na disciplina de Artes. E quem se mostrou radiante com a oportunidade de representar a personagem Emília, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, nesta semana, foi Lavínia da Rosa, de 8 anos. “Eu adoro interpretar, é a primeira vez que vou subir num palco como este e estou bem animada”, disse ela.
Outra atividade feita com a garotada é o cultivo da horta, na disciplina de Agroecologia e Sustentabilidade. Mexer na terra é a rotina preferida de Dannyel Moraes, de 9 anos. “Na nossa horta tem de tudo um pouco, alface, couve-flor, beterraba, é muito bom acompanhar o crescimento das verduras. Tenho horta em casa, mas gosto de vir aqui para aprender muito mais”, revelou.
A grade curricular contempla ainda componentes básicos como português, matemática, história, geografia e a parte diversificada com expressão e criatividade, conexões e saberes, cultura digital e robótica, esporte e lazer, língua inglesa, identidade e cidadania. Também há atividades socioemocionais, científicas e tecnológicas.
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