A onda de assaltos que vem ocorrendo em Santa Cruz do Sul nos últimos tempos atingiu uma das classes de trabalhadores que lida com o público diariamente e atende segmentos de diversos setores. Em manifestação neste final de semana, os motoboys do município afirmaram que não vão mais realizar entregas em residências do Bairro Santa Vitória, sobretudo na região do antigo Bairro Harmonia. A decisão remete diretamente aos casos de roubos que dois motoboys sofreram naquela área, nos últimos dois finais de semana. O caso mais recente aconteceu nessa sexta-feira, 18.
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A reportagem da Gazeta do Sul conversou com a vítima do crime, o motoboy Gabriel Amorim, de 26 anos. O jovem relatou o terror que foi estar trabalhando e ficar na mira de um revólver calibre 38. “Quando alguém está apontando a arma para ti, é outra realidade”, disse ele. O motoboy relatou que recebeu um pedido de entrega de uma conhecida churrascaria da região central da cidade. “O pedido era só de salmão, picanha e outras carnes nobres. Passava de R$ 1 mil o valor. A entrega era no Corredor Overbeck, no Bairro Santa Vitória. Tive que ir com uma mochila nova minha, maior, porque era muita carne, cerca de 40 quilos”, contou.
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Ele foi até o endereço, mas não havia ninguém. Foi quando uma motocicleta Honda Bros, cor branca, com dois homens, passou por ele. “Fizeram o retorno e pararam perto. Perguntei se era para eles o pedido, e um me falou que era para o seu pai. Quando ele foi no portão e viu que não tinha ninguém perto, virou, levantou o moletom, puxou o revólver, e disse que era um assalto.” Os criminosos, que estavam de capacetes pretos e viseiras fechadas, levaram R$ 200,00 do motoboy, além da mochila nova cheia com as carnes do pedido, uma máquina de cartão de crédito da churrascaria e um telefone celular. “Quando eles pegaram tudo, eu virei e saí voando com a moto. Nunca tinha passado por uma situação dessas”, relatou Gabriel.
Antes desse caso, outro fato semelhante aconteceu dias antes, no sábado anterior, no mesmo bairro. Por volta de 21 horas, um motoboy da Master Pizza, empresa que fica na divisa dos bairros Arroio Grande e Santo Antônio, foi assaltado ao ir realizar uma entrega na Avenida David Severo Mânica, no Bairro Santa Vitória.
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Conforme o proprietário da empresa, Auri Miguel da Silva, de 46 anos, foi realizado um pedido de quatro pizzas e o funcionário foi entregar. No entanto, ao chegar próximo ao local, em um corredor, dois homens em uma Honda Bros branca se aproximaram, renderam o motoboy e levaram a encomenda, junto com a mochila e a máquina de cartão de crédito da pizzaria. O motoboy acabou fugindo em sua moto. “Está complicado. Nunca tinha acontecido algo do tipo. Liguei depois para o número que fez o pedido, mas já estava bloqueado”, disse Auri. Os dois casos foram registrados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e vão ser investigados pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP).
Um dos motoboys que liderou a manifestação para não entregar mais encomendas no Bairro Santa Vitória é Leandro Ismael, de 33 anos. Segundo ele, os assaltos aos profissionais da categoria tiveram um pico nos anos de 2016 e 2017, quando houve um movimento semelhante para não realizar entregas no mesmo bairro. Depois, os crimes desse tipo pararam.
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“Até 2017 estava terrível, mas em 2018 voltamos a entregar lá e ficou mais tranquilo. Só que em 2023 aumentaram muito os assaltos aos motoboys, sendo que a maioria dos casos não são de conhecimento da população”, salientou Leandro. Segundo ele, após a manifestação de não entrar mais no Santa Vitória, algumas pessoas questionaram sobre o porquê do fato, se no Bairro Universitário, por exemplo, também há crimes. A diferença, segundo Leandro, está na abordagem. “No Santa Vitória, é assalto à mão armada. No Universitário não se pode deixar a moto sozinha que ladrões utilizam a chave micha em segundos e a levam”, explicou.
Dessa maneira, ele teve uma moto furtada em 2016 e até hoje não a encontrou. “A gente não tem segurança. Está bem difícil, por isso chegamos à conclusão de não entrar mais no Santa Vitória ou na região do antigo Harmonia, e também não subir mais em prédio, nem entrar em condomínio onde a moto não acessa, porque é um jeito de a gente ter alguma garantia de não perder a moto. Se não tiver mais segurança, vamos fazer uma paralisação de dois dias, e vamos para a frente da Prefeitura.”
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