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Após ano de luta contra a leucemia, Luiza vai ter Natal especial com a família

No significado do nome, mesmo sendo tão pequena, ela já expressa sua força. Luiza, “combatente gloriosa”, “guerreira ilustre” ou, simplesmente uma garotinha de 3 anos de idade, que tem enfrentado a leucemia e é luz para a família. A personagem central desta matéria já é conhecida por muita gente, não apenas no Centro-Serra, mas em boa parte do Estado. É que uma rede do bem se formou no ano passado e fez alcançar um número muito expressivo de pessoas, em doações, torcida e orações.

A pequena Luiza Chaves, é irmã da Fernanda, 9 anos, filhas do técnico em informática Luiz Fernando Chaves, 42 anos, e da dona de casa Carine Gomes, 30 anos. A história do casal sobradinhense iniciou há onze anos, quando o sentimento forte despertou a vontade de formarem uma família, e assim aconteceu, com o nascimento da primogênita. O desafio na primeira gestação foi o nascimento prematuro de Fernanda, com pouco mais de 2 quilos, que, por ser mais frágil, costumeiramente ficava resfriada, com alguma virose, e era mais facilmente acometida por problemas respiratórios.

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Ao contrário da primeira filha, Luiza chegou ao mundo medindo 50 centímetros e com quase 4 quilos. Resistente, foram raras as vezes que apresentou qualquer desconforto com a saúde nos dois primeiros anos. Até que um dia isso mudou. “A gente comenta que o caso da leucemia foi uma surpresa ainda maior para nós, pois ela sempre foi tranquila de saúde”, destaca Fernando.

Uma primeira febre que cessou e, depois de 15 dias, o retorno contínuo da temperatura alta, em julho de 2020, foi inicialmente diagnosticada como dor de garganta. Uma segunda consulta neste período, com realização de exames, apontou diminuição expressiva das plaquetas e hemoglobina.

“Nós consultamos com ela no dia 1º. No dia 2 foram feitos os exames e o resultado só ficaria pronto às 16 horas, mas o laboratório nos telefonou próximo das 13 horas, para fazer um novo exame e ter a contraprova. Foi então que foi confirmado que estava tudo alterado. As plaquetas que deveriam estar em 200 mil, estavam em 15 mil na quinta e na sexta, quando chegamos em Santa Maria, baixaram para 6 mil. Uma doença que evolui rápido”, relembra o casal ao falar do momento e das preocupações que aumentavam.

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Ao chegar em Santa Maria, em uma madrugada gelada, o casal estava tomado pela angústia da espera pelos novos exames. “Chegamos no Ique – CTCriaC (Centro de Atendimento à Criança e Adolescente com Câncer), e nos encaminharam para o hospital. Com os novos exames, foi necessário internar. Foi então que o médico lá nos deu como 90% de que seria uma leucemia. Meu Deus! Só queríamos que ela ficasse bem. Foi um baque o diagnóstico”, emocionou-se Carine ao lembrar. “Aí o desespero bateu. A gente não sabia até então muita coisa sobre a doença, éramos leigos no assunto, os dois primeiros dias foram cruéis, até sair o diagnóstico e o exame da medula para indicar o grau da leucemia”, acrescenta Fernando.

A pequena durante o tratamento

Como o diagnóstico de Luiza foi rápido, os pais contam que a medula não estava completamente comprometida. “Costumamos falar para todo mundo que não esperem, pode ser só uma febre, mas esta já é um sinal de que o corpo não está bem, que alguma coisa não está legal. Ainda mais quando persiste”, destacam.

O tratamento iniciou em seguida, na segunda-feira. À época Luiza tinha 2 anos e meio de idade, aproximadamente. “No primeiro dia ela já recebeu transfusão de plaquetas e hemoglobina. Depois, induziram os remédios para poder iniciar as quimioterapias. Aí começa as fases. São três. A primeira foram 33 dias direto. Eles nos prepararam para ficar mais tempo, mas ela reagiu bem”, conta Fernando. “Ela foi muito forte”, recorda a mãe.

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Brincadeiras para amenizar a internação

O tempo era intercalado entre alguns dias em casa e o retorno para o hospital, para novas sessões e a sequência do tratamento. “Agora terminaram as quimioterapias injetáveis. Ela está na manutenção, com a quimioterapia oral somente. Durante o tratamento a imunidade zerava, então era necessário ficar por vários dias no hospital até a próxima sessão”, contam os pais.

A queda do cabelo, quase ao fim do tratamento com as quimioterapias, trouxe um momento diferente. Segundo os pais, Luiza sentiu. “Quando começaram as quimios ela precisou voltar a usar fralda, depois teve que reaprender a andar, pois atrofiou a musculatura. Quando começou a cair o cabelo e foi necessário raspar, ela se fechou. Não queria comer, não deixava passar a mão na cabeça, se revoltou. Com o passar do tempo, vendo as bonecas carecas, ela foi esquecendo do cabelo e se acostumou”, relembra Carine.

“Lá eles são muito preparados para isso, então havia atendimento de fisioterapia, atendimento ocupacional, psicólogo, para ela e para nós”, explica Fernando sobre todo o suporte que a família recebeu. “Toda equipe que tem cuidado da Luiza é muito abençoada. São vários profissionais. Ao todo, serão dois anos de tratamento e mais três anos de manutenção, com acompanhamento. A cada ida para Santa Maria, Luiza continua fazendo exames. Ela não entende tudo, mas sabe que agora quando vamos para lá, ela tem uma rotina de consultas, os locais onde vamos, o que é necessário fazer”, explicam.

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Já foram 66 semanas de tratamento, das em torno de 80 da primeira etapa. O retorno ao médico deve ocorrer no próximo ano, na expectativa de cada vez mais concluir.

Tudo aconteceu em meio à pandemia, havendo um medo maior por conta do coronavírus. “O cuidado que eles tinham no hospital era enorme. Havia uma preocupação a mais, mas já tínhamos que cuidar muito por conta das defesas dela que praticamente zeravam no tratamento”, explicam.

Com o passar dos meses, os pais dizem ter aprendido cada vez mais sobre a leucemia, no quarto e nos corredores do hospital, com quem passava por uma situação parecida. Havia uma grande força entre todos, e também muita esperança para que tudo desse certo. Lá fizeram amizades e entenderam que cada caso é um caso e de uma pessoa para outra muito pode mudar. “Não foi fácil. Não é. Ainda continua, porque depois que acabar todo o tratamento é que a gente vai saber se deu certo. São 5 anos de acompanhamento”, revelaram.

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Segundo os pais, o momento difícil tem os feito aprender muito, até hoje. “Fomos recebidos com muito carinho. Se cria uma família estando dentro do hospital. As crianças nos chamam de tios, alguns pais nos agradecem pelo apoio, por termos auxiliado de alguma forma depois que eles receberam o diagnóstico”, revelam.

Ainda, conforme Fernando, o período mais difícil foi a última internação, no início deste ano, após as últimas quimioterapias. “As defesas baixaram demais. Ela perdeu peso, desidratou muito, quase não falava. Foi a pior parte, precisou de alimentação parenteral, soro, estava fraquinha. Isso foi em fevereiro. E então ela melhorou para que a gente comemorasse o aniversário dela naquele mês”, contam os pais.

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Já a última quimioterapia injetável, na coluna, foi recentemente, em novembro. O cateter que precisou utilizar também já foi removido. Agora ela segue com a medicação e acompanhamento quinzenal, ou, quando necessário, semanal, em Santa Maria.

Durante a conversa com os pais, na sala do apartamento onde vivem em Sobradinho, “Lulu” como é chamada por eles, expressou muito carinho, deu boas gargalhadas e, quase ao final, demonstrou toda energia de criança, chamando a irmã “Nanda” para brincar. Sorriso de criança que Luiza empresta para a campanha “Um olhar para a prevenção”, promovida pelo Lions Clube de Santa Maria, com o objetivo de prevenir e combater o câncer infanto-juvenil, alertando para alguns sintomas e a necessidade de buscar rapidamente ajuda médica. No shopping, posou ao lado da fotografia, para mostrar que, mesmo tão pequena, tem tido a força de um leão para superar a doença e tudo o que ela provoca. “Não éramos nós que dávamos força a ela, ela quem nos dava forças. Foi e tem sido muito guerreira”, enfatiza a mãe.

Luiza ao lado da campanha com sua fotografia

O Natal de 2020 e Ano-Novo, durante a fase de quimioterapias e internação, foram de muitas preocupações, mas de alta para conseguirem estar reunidos em casa. “Agora em 2021 está sendo diferente. Vai ser um Natal muito especial, de fé em Deus e de muita esperança. Vai ser melhor que o do ano passado”, reforçam os pais.

Cheia de vida, Luiza que vai completar 4 anos em fevereiro, corre, brinca, se diverte na companhia da irmã e aguarda ansiosa para frequentar a escola e ter a companhia dos coleguinhas no próximo ano. A força dela, segundo os pais, tem sido o combustível para enfrentar os dias difíceis e o sorriso é a motivação para acreditar em dias cada vez melhores.

Família renova a esperança neste Natal

Quanto ao presente que ela quer ganhar neste fim de ano, Luiza não quis confidenciar, disse ser “segredo”, mas a mãe Carine contou que, durante visita ao shopping em Santa Maria, ao olhar atenta às vitrines, um gesto da pequena os emocionou e supreendeu. “Eu só vou pedir para o Papai Noel muita saúde e que eu não precise voltar para o hospital”, disse a menina, conforme contou a mãe. O que podemos desejar neste fim de ano é então muita saúde. Saúde para a Luiza, para a sua família e para todos nós!

Presentes começaram a chegar na véspera deste Natal

Corrente do bem

Enquanto realizava o tratamento ainda em fase mais inicial, Luiza precisou de transfusão para receber especialmente plaquetas. Foi então que uma rede de apoio se mobilizou em Sobradinho e região Centro-Serra. Segundo Fernando, foram mais de 400 inscritos. “Por conta da pandemia, havia diminuído o número de doadores. O banco de sangue em Santa Maria estava com frequência solicitando. Com a turma que foi daqui eles conseguiram encher. A Lu não chegou a usar tanto. Não foi nada além do que ela necessitava para o tratamento, mas todos que foram ajudar contribuíram também com outras pessoas”, salientam.

O número de doadores foi ainda maior, pois pessoas de outros municípios também se solidarizaram com a história da Luiza, que, com apenas 2 anos e meio, começou a enfrentar a leucemia. “Foi divulgado em meios de comunicação, nas redes sociais, em lives, através de projetos, muitas pessoas ajudaram, muitos que nem conhecíamos. Diversas pessoas nos encaminhavam mensagens dizendo que estavam em oração, preces. Ou então ligavam dizendo que não podiam ir doar, mas que alguém da família iria. É nessa hora que a gente vê como temos amigos e somos queridos pelas pessoas”, destacam, agradecendo a todos que contribuíram e continuam torcendo pela recuperação da Luiza.

Também foi promovida uma campanha de doação em valores, que contribuiu muito, segundo os pais, para as viagens e despesas como com alimentos especiais e alguns medicamentos.

A irmã Fernanda com cartaz da campanha #todospelaLuiza

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Nathana Redin

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