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Apontar o dedo não paga dívida

De acordo com a Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 79,3% das famílias brasileiras estavam endividadas, no fim do mês de setembro. A pesquisa incluiu contas a vencer no cartão de crédito, empréstimo pessoal, crédito consignado, cheque pré-datado, carnê de loja, prestação de carro e de casa. Dessas famílias endividadas, 30% estão inadimplentes. Isto é, de cada 10, três não conseguiram pagar as contas.

Existem várias causas para esse endividamento, que vão desde renda insuficiente ou inexistente (caso dos desempregados), passando por taxas de juros muito altas na tomada de empréstimos até a falta de educação financeira. Os pagamentos pendentes se concentram em duas áreas principais: instituições financeiras e empresas de água e energia. Nas instituições financeiras, os cartões de crédito correspondem a quase 80% das dívidas inadimplentes.

Independente do tipo de dívida e das razões porque elas existem, o fato é que muitas pessoas e famílias estão com problemas, embora, muitas vezes, não se deem conta ou demorem a perceber. A correria do dia a dia as mantém ocupadas com afazeres domésticos, profissionais, sociais, religiosos, não sobrando tempo ou espaço para parar e ver o que está acontecendo. Até que a falta de cuidado com as finanças vem à tona e o problema com dinheiro – ou a falta dele – já se transformou em tsunami financeiro.

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O que se segue é um show de baixarias. Ao invés de se sentarem e iniciarem um diálogo adulto para examinarem as contas e ver o poderiam fazer para achar uma solução, o casal e as pessoas do entorno partem para a agressividade, em que cada um tenta empurrar para o outro a razão ou a responsabilidade de tamanho estrago.

Incapazes de agir como duas pessoas que resolveram viver juntas, escolhem o caminho mais fácil: jogar a culpa de tudo nos ombros um do outro. Podem ser os hábitos de consumo exagerados da mulher ou despesas com o carro do marido. Enfim, a troca de “elogios” pode ser inesgotável. É claro que é difícil iniciar uma conversa para resolver o problema se:

  • O assunto só veio à tona quando se tornou um problema gigantesco
  • Cada um dos envolvidos insiste em culpar o outro
  • Não existiam prioridades e responsabilidades combinadas e definidas para cada um
  • Cada membro da família não sabe diferenciar o que é de interesse individual e o que é coletivo

Então, se duas pessoas resolveram viver juntas, com todos bônus e eventuais ônus que isso implica, é preciso que a questão financeira passe a ser tratada com a devida prioridade, sem ataques de culpa e dedo em riste na cara do outro. Conrado Navarro, sócio proprietário do site Dinheirama – Educação Financeira, Finanças Pessoais e Investimentos, lembra que a primeira coisa a ser resgatada é o respeito de um pelo outro. Depois, ele sugere alguns pontos que merecem uma reflexão pessoal de cada um:

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  1. Responsabilidade: cada um assumir a responsabilidade na atual realidade financeira;
  2. Desprendimento: comprinhas fora de hora, cervejinha com os amigos, novela, futebol, tudo pode esperar para sobrar tempo e dinheiro, que devem ser canalizados para a solução dos problemas financeiros da família;
  3. Paciência: não existe solução simples e rápida para um problema complicado que vinha sendo ignorado há algum tempo; é preciso ter paciência, agir com calma, mas de forma perseverante, focado nos objetivos definidos;
  4. Humildade: hora de “baixar a bola” e reconhecer eventuais erros;
  5. Atitude: dívidas financeiras são pagas com ação e dinheiro, não com culpa; seguidamente, ocorrem “Feirões limpa-nome” que podem ser aproveitadas par renegociar dívidas;
  6. Compromisso: periodicamente, avaliar o andamento das coisas, definir regras e responsabilidades para cada integrante da família, informando sobre o andamento de eventuais negociações de dívidas.

Em todas as famílias, inclusive na do presidente Bolsonaro, conforme revelado pela jornalista Juliana Dal Piva, existem problemas, discussões, situações desagradáveis, decepções por vários motivos, às vezes pela simples disputa de egos ou por problemas financeiros. Simplesmente apontar o dedo não vai pagar dívidas, talvez só aumente o prejuízo. O ponto de partida da solução pode ser o reconhecimento do problema e assumir a responsabilidade para a solução.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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