Uma investigação traçada em sigilo pela Polícia Civil apurou detalhes a respeito do duplo homicídio de um casal de Rio Pardo, que gerou repercussão na região este ano. Em 6 de junho, Bruna Oliveira de Carvalho, de 27 anos, que estava grávida de quatro meses, e Luis Antônio Ribeiro, o Perneta, de 26, foram assassinados a tiros dentro de um Volkswagen Gol vermelho na Rua Itu, no Bairro Jardim Boa Vista.
Os dois filhos de Bruna e Perneta, uma menina de 7 anos e um menino de 2, estavam no banco de trás e viram os pais serem mortos. O delegado Anderson Faturi revelou detalhes do caso à Gazeta do Sul e divulgou quem são os homens apontados na investigação como os autores do crime. São eles: Jéferson Lucas da Silva Camargo, de 21 anos, natural de Santa Cruz do Sul, e Rochester Nathanael Santos de Oliveira, de 26, nascido em Canoas.
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Os dois estão com as prisões preventivas decretadas pela juíza Magali Wickert de Oliveira, da 1ª Vara Judicial de Rio Pardo, e são considerados foragidos da Justiça. As ordens foram decretadas nos dias 9 e 15 de junho para Rochester e Jéferson, respectivamente, e constam como pendentes de cumprimento no sistema aberto do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
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Ambos têm antecedentes desde a adolescência. Rochester já cumpriu pena no presídio e tem registros em muitas cidades do Estado, como roubo de veículo em Canoas, homicídios em Sapiranga e Camaquã, receptação em Pantano Grande e em Rio Pardo, tráfico em Gravataí e em Canoas, e ameaça em Rio Pardo. Já na ficha de Jéferson constam tráfico e ameaça em Santa Cruz, porte ilegal de arma de fogo em Candelária e lesão corporal em Porto Alegre.
Embora identificados poucos dias após o crime, a polícia preferiu manter em sigilo os detalhes, para descobrir o paradeiro deles. Buscas foram realizadas em Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Encruzilhada do Sul, Canoas e Campo Bom, mas os dois não foram localizados.
Vítimas foram atraídas
O duplo homicídio aconteceu às 21h13 do dia 6 de junho e foi filmado por câmeras de segurança, que mostraram quando um Hyundai Tucson prata se aproximou e atingiu o Gol onde estavam Luis Antônio e Bruna. Quando o casal para, uma dupla desce do Tucson e dispara. Conforme Faturi, os dois atiradores são Rochester e Jéferson. A suspeita da polícia é que um terceiro envolvido, o motorista do veículo, seria Charles Linhares de Moraes, o Xaxá, de 28 anos.
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Foi ele quem atraiu o casal que terminou assassinado, com a suposta desculpa de que Bruna e Luis deveriam esconder um veículo que vinha da Região Metropolitana. No dia do homicídio, Xaxá teria ficado no carro, enquanto Jéferson e Rochester teriam descido do automóvel para efetuar os disparos contra as vítimas.
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Poucos dias depois, em 10 de junho, Xaxá foi alvejado com tiros na nuca e tórax, na Praia dos Ingazeiros. Ele, que tinha antecedentes por tráfico, receptação, violência doméstica e lesão corporal, permaneceu internado no hospital por mais de três semanas e faleceu no dia 3 de julho. Segundo o delegado Anderson Faturi, outras circunstâncias ainda investigadas teriam resultado na morte de Charles Moraes, e não fatos relacionados ao duplo homicídio do dia 6.
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Na mesma noite do assassinato do casal, o Tucson foi localizado na garagem de uma casa, no mesmo bairro do crime. O imóvel pertence a um homem que cumpria pena restritiva de liberdade, monitorado por tornozeleira eletrônica. Constatou-se que o Tucson tinha placas clonadas e registro de roubo na Região Metropolitana de Porto Alegre. Os filhos das vítimas escaparam ilesos e foram encaminhados ao Conselho Tutelar. Atualmente, estão com avós maternos. Bruna Oliveira e Luis Antônio tinham longo histórico na criminalidade.
Um dia antes de serem assassinados, eram esperados em uma audiência no Fórum de Rio Pardo, mas não compareceram. Respondiam a um processo por tráfico de drogas, após indiciamento na megaoperação Tentáculos, deflagrada em 2020 pela Polícia Civil de Rio Pardo. Na época, a investigação mirou um grupo criminoso de 55 pessoas, incluindo os dois assassinados, chefiado pelo apenado Jéferson Juliano Vedói, de 43 anos.
Troca da facção Bala na Cara para Os Manos
O depoimento de um motorista de aplicativo foi crucial durante a investigação e ajudou os policiais civis a identificarem a dinâmica do crime. “Ele nos confirmou que levou os dois homens para um hotel de Santa Cruz naquela noite, depois de deixarem um Hyundai Tucson em uma casa. Os autores então dormiram nesse hotel e depois fugiram”, comentou o delegado Faturi.
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A possibilidade de Perneta e Bruna terem sido mortos em uma espécie de “queima de arquivo” por líderes do tráfico não está descartada, mas ainda há outras hipóteses de motivações, todas relacionadas com o envolvimento das vítimas com a criminalidade. A Polícia Civil sustenta a participação de Jéferson e Rochester como executores, mas a peça que ainda falta na investigação é quem teria sido o mandante dos assassinatos.
Conforme Faturi, Perneta vendia drogas em Minas do Leão para um líder do tráfico naquela cidade, mas havia se desentendido com ele. “Chegou a trocar de facção, passando dos Bala na Cara para Os Manos. Foi ainda comercializar entorpecentes em Butiá, angariou uma dívida muito grande e foi ameaçado. A mulher também tinha envolvimento com o tráfico. Com certeza, a relação dos dois com a criminalidade resultou nas mortes deles”, enfatizou o delegado. As buscas pelos executores continuam. Qualquer informação que possa ajudar a polícia pode ser relatada pelo telefone (51) 3731 1490. O sigilo é mantido.
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