Polícia

Apontado como líder da facção Os Manos, Cássio Alves é condenado a dez anos

A maior ofensiva policial contra o tráfico de drogas na história do Vale do Rio Pardo teve um desfecho na Justiça. Em sentença assinada pela juíza Fernanda Rezende Spenner, da Vara Judicial de Vera Cruz, o homem que é considerado pelas forças de segurança como o número 1 da facção Os Manos em Santa Cruz do Sul, Cássio Alves dos Santos, de 35 anos, foi condenado a dez anos e seis meses em regime fechado por tráfico de drogas e associação para o tráfico.

Ele permanece detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), depois de ter sido preso em um tríplex de luxo avaliado em R$ 1 milhão, no Bairro Avenida, na histórica Operação Cúpula, deflagrada pela Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz há pouco mais de cinco anos, em 18 de janeiro de 2019. Naquela oportunidade, 20 integrantes da organização criminosa foram capturados – nunca tantos membros do grupo foram detidos de uma só vez na região.

LEIA MAIS:

Publicidade

O processo da Operação Cúpula tem 20 volumes e mais de 2,5 mil páginas. Na peça-base estão 14 réus, incluindo Cássio. Outras 13 pessoas apontadas na investigação como integrantes da facção Os Manos também foram sentenciadas pela Justiça. Elas responderam por crimes como tráfico de drogas e associação para o tráfico. As penas, todas em regime fechado, variam de oito anos e seis meses a dez anos e seis meses e, totalizadas, chegam a 139 anos.

Ana Lúcia Machado, de 56 anos, atualmente em liberdade, foi condenada a dez anos e seis meses; Anderson Ismael Soares Coss, de 28, foi sentenciado a dez anos e seis meses de reclusão e está no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul; Bernar Machado, o “Shrek”, de 27 anos, hoje em liberdade, foi condenado a dez anos e seis meses; Ioná Marina Mulinare, de 50 anos, atualmente em liberdade, foi condenada a oito anos e seis meses de reclusão; e Janira da Silva Paz, de 33, também em liberdade, foi sentenciada a oito anos e seis meses de prisão.

Outro dos principais investigados, Jefferson Henrique da Silveira, vulgo “Rique”, de 39 anos, foi condenado a dez anos e seis meses e se encontra no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul; Leonaldo Ferreira Walter, o “Índio”, 48 anos, atualmente monitorado por tornozeleira eletrônica, foi condenado a dez anos e seis meses; Liliane da Silva, de 40 anos, também monitorada por tornozeleira, foi sentenciada a dez anos e seis meses de prisão; e Luis Coss, o “Luizinho”, de 61 anos, atualmente em liberdade, foi condenado a dez anos e seis meses de prisão.

Publicidade

Os outros réus são Matheus de Mello Macedo, de 29 anos, sentenciado a oito anos e seis meses de prisão, e que está no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul; Marcos Roberto da Silva, o “Tramandaí”, 24, atualmente em liberdade, condenado a oito anos e seis meses de reclusão; Rafaela Ramos da Silva, de 33, atualmente em prisão domiciliar, condenada a dez anos e seis meses de prisão; e Tiarles Diego da Silva, o “Tchatcha”, 36 anos, sentenciado a dez anos e seis meses de reclusão, que está na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva).

LEIA MAIS:

Além desses 14 condenados, em outra parte cindida do processo estavam dois homens apontados pela polícia como líderes da facção Os Manos. Antônio Marco Braga Campos, o Chapolin, 41, que cumpre pena de 86 anos na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi absolvido das acusações. Não foi possível comprovar sua participação, nessa investigação, como líder do grupo criminoso. Já Cláudio Mendes Pacheco, o “Toquinho”, de 45 anos, que está na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, foi condenado a dez anos, quatro meses e sete dias.

Publicidade

A investigação

A investigação da Cúpula teve início em 10 de maio de 2018. A DP de Vera Cruz apurava uma ocorrência de tentativa de homicídio e descobriu como funcionava todo o esquema da facção Os Manos na região, na época. A polícia identificou que o mandante do atentado era Toquinho e o provável executor, um de seus subordinados. Em cima disso, os policiais civis começaram a ouvir escutas telefônicas interceptadas.

Nos diálogos de Toquinho, foi exposta toda a organização criminosa. Durante a investigação, o gerente dele foi flagrado por policiais deixando quantias de dinheiro em uma distribuidora de bebidas na esquina das ruas São José e Gaspar Bartholomay, no caminho entre o Centro e o Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz.

O estabelecimento pertencia a Cássio Alves dos Santos, conhecido das forças de segurança por ter assumido a chefia do tráfico no Vale do Rio Pardo após a transferência de Chapolin para a prisão federal.
Esse era o fio da meada que relacionou o trio de chefias. Acompanhando a movimentação de dinheiro na loja de bebidas, a investigação conseguiu provar o envolvimento de Cássio no esquema criminoso. Ele agia como um gerente financeiro da facção, intermediando a troca de droga por dinheiro entre Toquinho e Chapolin.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Cássio Alves teria subornado policiais para fugir, revela Menezes

Toquinho negociava os entorpecentes e mandava entregar ao gerente, que distribuía entre alguns vendedores – parte deles, presa na operação de 18 de janeiro de 2019. Os narcóticos, sobretudo cocaína e crack, eram vendidos principalmente em pontos de Santa Cruz, Vera Cruz e Cachoeira do Sul. O lucro era entregue a Toquinho, que repassava para Cássio, responsável por fazer o dinheiro retornar a Chapolin, segundo a investigação.

Na época da operação, segundo a Polícia Civil, o rendimento da venda de drogas em Santa Cruz era avaliado em cerca de R$ 200 mil por semana somente no Bairro Bom Jesus. Naquele período, os agentes apontaram que ocorreram pelo menos 40 assassinatos vinculados à disputa por espaços de venda de entorpecentes, que hoje são dominados pela facção Os Manos, organização armada voltada ao narcotráfico e homicídios.

Publicidade

LEIA MAIS SOBRE POLÍCIA

Chegou a newsletter do Gaz! 🤩 Tudo que você precisa saber direto no seu e-mail. Conteúdo exclusivo e confiável sobre Santa Cruz e região. É gratuito. Inscreva-se agora no link » cutt.ly/newsletter-do-Gaz 💙

Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

Share
Published by
Cristiano Silva

This website uses cookies.