O uso de um aplicativo recomendado por neurologistas ajuda a calcular os riscos de sofrer um derrame. Batizado de Riscômetro de AVC, o app solicita que o usuário responda a 20 perguntas sobre estilo de vida, idade, altura, peso e medidas. Concluído o questionário, o software informa o percentual de risco de derrame em cinco e dez anos. No fim de semana em que é celebrado o Dia Mundial de Combate ao AVC (World Stroke Day, em 29 de outubro), o neurologista Antonio Borba sugere o download e ressalta os cuidados para evitar uma obstrução em um dos vasos sanguíneos do cérebro.
Segundo o especialista, tudo está relacionado ao estilo de vida. “Se a pessoa não cuidar do colesterol, triglicerídeos e pressão alta, é sedentária, tabagista e se alimenta mal, ao longo da vida certamente vai desenvolver mais chances de sofrer um AVC.” Borba também acrescenta que a idade (especialmente dos 60 anos para cima), acompanhada de histórico familiar, também é um fator que deve ser levado em consideração.
O neurologista faz questão de reforçar os sintomas que sinalizam o início do derrame e geralmente aparecem de forma súbita. Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão, fala enrolada; alteração na visão (em um ou ambos os olhos); alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar e dor de cabeça intensa, sem causa aparente, podem indicar que a pessoa já está sofrendo um AVC. “Assim que sentir qualquer um desses sintomas, a pessoa deve se dirigir imediatamente ao hospital. Quanto antes for iniciada a reabilitação do paciente com AVC, menos sequelas e mais chances terá”, acrescenta.
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Conforme Borba, um dos maiores erros das pessoas que sofrem o acidente vascular é demorar a procurar atendimento. “Canso de ouvir relatos de pessoas que, após sentirem os sintomas, preferem marcar uma consulta só para o outro dia ou esperam alguém chegar em casa para daí procurar atendimento. Sentiu o braço cair? Liga para a ambulância ou corre para o hospital”, alerta. O especialista acrescenta que, hoje, cerca de 300 pessoas sofrem AVC por dia no Brasil. Já no Rio Grande do Sul são 15 mil casos por ano. Trata-se da segunda maior causa de morte no País.
Recuperação lenta
Conforme o neurologista Antonio Borba, a recuperação pós-AVC é lenta e dura em média seis meses. Há um grande contingente de pacientes que ficam com sequelas, mesmo após várias investidas de reabilitação. Entre as mais conhecidas estão a perda de movimento de um lado do corpo e dificuldades para falar e andar.
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Essas consequências podem ser permanentes ou temporárias – caso da santa-cruzense Adriana de Carvalho. Aos 33 anos, sofreu um AVC. Sentiu fortes dores de cabeça antes de ir dormir e ao acordar, ainda de madrugada, percebeu que o braço direito estava dormente. “Não aguentei e desmaiei. Foi aí que minha mãe me levou ao hospital. As sequelas foram grandes e as chances de recuperação, pequenas”, lembra. Após o acidente, Adriana não caminhava, não falava e enxergava pouco. “Foram dois anos intensos de recuperação. Hoje ainda tenho um pouco de dificuldade para falar e segurar coisas pequenas.”
Depois do susto, Ana constituiu uma família e deu à luz Samuel, 11 anos, e Lucas, 8. Também fez questão de mudar de hábitos. Da cidade, mudou-se para o interior, em Cerro Alegre Alto, e buscou uma rotina de tranquilidade. “Eu era uma pessoa estressada. Hoje busco a leveza, procuro viver um dia de cada vez.” De acordo com Borba, casos de AVC em pessoas mais jovens ainda são minoria e devem ser investigados a fundo, pois estão associados a outras doenças.
Adriana: AVC aos 33 anos
(Foto: Lula Helfer)
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O aplicativo
Desenvolvido pela equipe médica da Auckland University of Technology, da Nova Zelândia, o Riscômetro de AVC está disponível para download há dois anos, mas segundo o neurologista Antonio Borba, não é tão conhecido. O programa usa questionários de fácil compreensão. Algumas das perguntas giram em torno do comportamento em relação à alimentação e hábitos, como fumo. Depois das respostas, o sistema aponta, em porcentagens, o risco de o usuário desenvolver um AVC. Mas não para por aí. O aplicativo também dá dicas para melhorar a qualidade de vida, além de sugerir a prática de exercícios físicos. O Riscômetro de AVC é gratuito e roda nos sistemas Android e iOS.
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