Agronegócio

Apicultores vivem expectativa por retomada do mercado em 2025

No Dia Nacional da Abelha, lembrado nesta quinta-feira, 3, em todo o País, os apicultores do Vale do Rio Pardo esperam por melhores condições de produção e venda do produto. Ao longo de 2024, o excesso de chuva prejudicou muito a atividade – e o baixo valor do quilo do mel no mercado foi mais um desafio enfrentado. Para os três últimos meses deste ano e início de 2025, contudo, as previsões são boas e há expectativa de retomada.

Conforme o presidente da Cooperativa dos Apicultores Familiares do Brasil (Copromel), José Carlos Haas, o cenário é desfavorável. “Fazendo um comparativo dos valores que os produtores têm conseguido nas últimas duas safras, não compensa. O custo é maior do que a receita.”

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Ele observa que a produção sempre depende da natureza e do manejo adequado. Assim, o clima adverso deste ano, com chuva em grandes volumes, dificultou o ciclo normal das floradas. Ele lembra que o clima favorável é necessário para todas as culturas, e com o mel não é diferente.

Outro problema é o uso dos defensivos agrícolas, sobretudo nos locais em que há monocultura da soja. De acordo com Haas, essa situação não se percebe muito em Santa Cruz do Sul, mas ocorre em muitos outros municípios da região onde os químicos aplicados nas lavouras impactam negativamente os insetos. “Já existe hoje um diagnóstico de que se não dermos condições para a prática da apicultura, teremos menos alimentos. Todo o empenho em conscientizar vai fazer a diferença.” O representante lembra que muitos apiários foram destruídos pelas enchentes e encerraram as atividades.

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A chuva também foi apontada pelo produtor Lauro Konzen como principal motivo para o resultado ruim obtido até o momento. Para os próximos meses, contudo, as expectativas estão renovadas. “As abelhas estão produzindo bem, vamos aguardar e ver se conseguimos uma safra boa para o fim do ano.” Ele mora em Santa Cruz, mas possui apiários arrendados também em Vera Cruz, Encruzilhada do Sul, Vale do Sol e Herveiras.

Assim como Haas, também aponta os defensivos agrícolas como um problema. “Prejudica muito, principalmente durante o período de preparo das terras para a soja.” Quando são atingidas, as abelhas ficam doentes e demoram para recuperar todo o potencial. Se tudo isso não fosse problema suficiente, o mercado não foi bom em 2024. “Atualmente está na base de R$ 8,00 a R$ 9,00 o quilo, o que para nós é péssimo”, observa. Diante desse preço tão baixo, a rentabilidade fica comprometida. A perspectiva para os próximos meses, contudo, é de recuperação.

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Chuva carregada com veneno provoca mortandade

Conforme o apicultor Rui Jost, de Vera Cruz, a propagação dos defensivos agrícolas vem da atmosfera e não por deriva lateral de propriedades próximas. O fenômeno é mais comum em março, durante a passagem do verão para o outono, mas também foi registrado agora. “A chuva carrega veneno volatilizado que acaba impregnado nas flores que estão abertas na ocasião”, explica. As abelhas, então, forrageiam as flores contaminadas e acabam muitas vezes morrendo ou, pior, conseguem retornar para a colmeia e contaminam o resto do enxame.

Um dos produtos já encontrados foi o fipronil, usado nas lavouras como inseticida, cujo auge das contaminações ocorreu em 2022. “E não se restringe às áreas rurais, também afeta abelhas em áreas urbanas.” Jost lembra que tramita na Assembleia Legislativa o projeto de lei 329/2021, que restringe o uso foliar do fipronil. “Paraná e Santa Catarina já o fizeram e tiveram bons resultados na prática.” Por parte dos apicultores, acrescenta, cabe investir em caixas ampliadas, pasto apícula e plantio de plantas com boas propriedades nos quesitos néctar, pólen e resina.

Abelhas mirim-guaçu, que não apresentam ferrão, são criadas pelo apicultor Rui Jost | Foto: Rui Jost

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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