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Apesar de situação de calamidade pública, gastos com alimentação escolar têm queda de 42% em 2020 na região

Por Bruna Oliveira, Diego Lima, Guilherme Lermen, Julia Haas e Raíssa Gomes, estudantes da disciplina de Jornalismo de Dados*, do curso de Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Com um longo período de escolas fechadas e um estado de calamidade pública em vigor, em 2020 houve uma drástica redução no repasse de recursos para a aquisição de alimentos escolares. Somente no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi registrada queda de 42% de aporte aos educandários da região. Em termos de valores, foi uma redução de R$ 11,3 mil, conforme dados da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Tendo em vista que muitos destes estudantes têm na escola a única ou principal refeição do dia, a paralisação de aulas presenciais impactou fortemente a vida de muitas famílias.

Em 2019, foram destinados R$ 26,4 mil para 97 escolas de abrangência da 6ª CRE, que compreende 18 municípios do Vale do Rio Pardo e três do Centro-Serra. Já no ano passado, foram repassados R$ 15,1 mil  para o mesmo número de educandários. Conforme o coordenador da entidade, Luiz Ricardo Pinho de Moura, a redução no repasse de verbas ocorreu em virtude dos alunos estarem assistindo aulas de forma remota, sendo necessária apenas a aquisição de cestas básicas para os estudantes. A distribuição dos itens respeitava critérios técnicos estabelecidos pelo Governo Federal em ações que beneficiam famílias em situação de vulnerabilidade social, como as que constam no cadastro do Bolsa Família e que estão inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

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O PNAE viabiliza a oferta de merenda escolar na rede pública de ensino, sendo que pelo menos 30% dos produtos devem ser provenientes da agricultura familiar. Assim, além de responder ao lado do consumo saudável, a política pública também incentiva a produção agrícola sustentável. Entretanto, a redução de 40% no repasse das verbas para a alimentação escolar dificultou para as escolas colocar em prática a medida e administrarem a aquisição para os alimentos.

“No grupo que temos da alimentação escolar muitos diretores reclamavam que o valor não era suficiente porque tudo subiu, e o valor vinha o mesmo. Nós fizemos os kits para doação aos alunos carentes da forma que dava. Também os estudantes, no início, receberam bolachas e frutas para levarem para casa”, diz o responsável pelo departamento financeiro da escola santa-cruzense.

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Confira abaixo o comparativo sobre a média total de repasses para a alimentação escolar recebidos nos anos de 2020 e 2021, pela 6ª CRE.

Mensalmente, o Governo Federal repassa cerca de R$ 3,5 mil para as escolas. Porém, a verba varia conforme o número de alunos, tendo educandários na região que recebem R$ 800 mil e outras R$ 1,5 mil. Os recursos são destinados para a manutenção das instituições de ensino. No entanto, em meio à necessidade de se adequar à pandemia da Covid-19, o orçamento em 2020 não permitiu maiores investimentos ou melhorias. Além disso, com a paralisação de todas as atividades, não foi possível realizar os encontros e angariar recursos do conselho escolar, conhecido como CPM (Círculo de Pais e Mestres). Desta forma, os colégios se viram em uma situação complicada.

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Melhores perspectivas

Uma análise dos dados da 6ª Coordenadoria Regional de Educação permite visualizar um aumento de 103,8% na verba do Programa Nacional de Alimentação Escolar neste ano, passando dos R$ 15,1 mil repassados em 2020, para R$ 30,8 mil em 2021. Já em comparação com 2019, período antes da pandemia, o incremento é de 16,5%.

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Contudo, há dificuldades neste período de retomada das aulas presenciais, como o aumento nos preços dos produtos alimentícios e a demanda acentuada no consumo da merenda. Isso porque muitos estudantes moram distante do educandário e necessitam fazer as refeições no local de ensino. Na Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Albino Juchem, a maior instituição estadual em Venâncio Aires, que conta com 1.140 alunos, são consumidos entre 500 e 600 quilos de alimento por mês, por exemplo.

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De acordo com o doutor em Economia e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Cezar Arend, os produtos alimentícios têm muita variação de preço ao longo ano, mas todos convergem para o patamar de 25%, o que encarece o custo da cesta básica. “Olhando para o lado do governo, isso indica que o gasto com a merenda escolar aumentará. Ou amplia o gasto e mantém a mesma quantidade de produtos ou então diminui a quantidade possível de ser comprada com a mesma verba anterior. Se o governo não aumentar a verba, as escolas diminuirão a merenda escolar e as crianças terão uma piora na sua alimentação”, comenta o doutor em Economia e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Cezar Arend.

*Este conteúdo faz parte do Projeto ODS Gaz-Unisc, uma parceria entre os cursos de Comunicação e Fotografia da Unisc e o Grupo Gazeta. Os autores são acadêmicos das disciplinas de Redação Jornalística e Jornalismo de Dados, ministradas pelas professoras Patrícia Regina Schuster e Cristiane Lindemann. As pautas direcionam o olhar para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) – um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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