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Aos mestres com carinho

Ao longo da nossa existência, algumas figuras se tornam sagradas para sempre; não importa a idade, a recordação é para sempre. Ao serem lembradas, despertam gratidão, saudade e um sentimento de profundo respeito. Entre estas lembranças, o(a) professor(a) desponta em grande destaque. Todos têm em mente pelo menos o nome de um mestre que marcou a infância/adolescência ou até mesmo a vida universitária no início da fase adulta. Eles deixaram marcas por suas qualidades humanas. Às vezes, é preciso reconhecer, eles nem sempre foram brilhantes pelo conhecimento ou mesmo pelo dom de ensinar. Mas foram docentes que se caracterizaram pela sensibilidade, pelo humanismo, e que, se não bastasse, legaram valores que forjaram cidadãos íntegros.

O Rio Grande do Sul, durante décadas, ostentou índices de educação diferenciados. Esta tradição trouxe inúmeros especialistas de todo o país para conhecer nossas práticas. Com o tempo, no entanto, este destaque – que conquistou inúmeros prêmios, inclusive internacionais – tornou-se ponto negativo. Há muitos motivos que explicam esta reversão, mas que não cabe citar, embora sejam de domínio público. Basta rever a história para conhecer.

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Não bastasse a má remuneração e o descaso com as condições dos prédios e dos equipamentos pedagógicos. os professores gaúchos agora enfrentam um novo desafio. Pouco tempo depois de conviver com as salas de aula vazias em decorrência da pandemia mundial da Covid-19, o trauma das enchentes constitui uma nova batalha a ser vencida em favor da educação e dos estudantes.

É difícil imaginar que tipo de abordagem o professor deve adotar dentro da sala de aula nesse período de reconstrução. É impensável idealizar um tratamento individualizado, embora isso fosse o ideal. Afinal, cada criança ou adolescente reage de maneira diversa diante das adversidades impostas pela vida afora.
O que dizer ao aluno que teve todas as recordações levadas pelas águas ou destruídas pelo barro, pelo lixo e pelo esgoto que invadiu sua residência? Como encarar este jovem ser humano levado a um abrigo para conviver com centenas de desconhecidos, sem privacidade de um banho quente ou direito a uma refeição em ambiente familiar?

O professor, assim como os pais, precisa se reinventar todos os dias para superar obstáculos do cotidiano. Costumo dizer que dentro da sala de aula o professor é pai/mãe de 30/40 “filhos”, mas sem dispor dos mecanismos coercitivos dos verdadeiros responsáveis para ensinar, passar conhecimento, valores e princípios.

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É por estas e outras nuances desafiadoras que cada um de nós, em algum momento da vida, lembra com nitidez do professor, de suas frases, brincadeiras e lições de vida, que ficarão para sempre dentro de nós.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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