Nesta segunda-feira, 8 de agosto, Endo Silveira completaria 16 anos. A data, antes motivo de alegria para Juraci Terezinha da Silva, 40 anos, é a única lembrança capaz de arrancar da mãe um quase sorriso esboçado entre as lágrimas. Na porta da capela da Ressurreição, com poucas forças para se erguer e caminhar, ela tenta entender como o filho, ainda tão jovem, pôde ser morto com um tiro na cabeça. O crime aconteceu no Bairro Bom Jesus, onde vive a família. Com esse caso, chega a 28 o total de assassinatos registrados neste ano em Santa Cruz do Sul.
Endo saiu de casa na noite de quinta-feira para ir a um bar, nas proximidades. “Eu sempre dizia pra ele se cuidar. Tinha medo. E deu nisso. Ele não ia pra beber, mas gostava de passear. Logo voltava pra casa.” Pouco tempo antes, o outro filho de Juraci, Enzo, também havia saído. Não eram apenas os nomes que se pareciam. Os dois eram irmãos gêmeos. E praticamente inseparáveis. “Andavam sempre juntos. Sempre.” Até essa quinta-feira.
Os meninos cresceram no Bairro Bom Jesus. Os pais, separados, residem um ao lado do outro para que os fihos convivam com os dois. Juraci estava em casa, assistindo ao último bloco da novela das 21 horas, quando um vizinho foi chamá-la. Endo havia sido baleado na rua, nas proximidades da Avenida Gaspar Bartholomay. “Eu queria correr pra lá, mas já tinham levado ele”, relata. Menos de três horas depois, no início da madrugada, o temor se confirmou. A mãe era informada por um médico de que o garoto não havia resistido.
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Endo Silveira completaria 16 anos.
“Era um menino bom. Tinha tantos amigos”, diz a mãe. A lembrança é confirmada por quase duas dezenas de garotos que observam a cena sentados do outro lado da rua. Aguardam a chegada do corpo do amigo, para então caminhar em passos lentos na direção da capela, que se torna pequena para abrigar tantas dores. Do lado de fora, Juraci segue sem forças para se erguer. É amparada pela filha mais velha. Tem outros dois pequenos, de 10 e 11 anos, num total de cinco filhos.
A mãe recorda, com o orgulho que lhe resta, que Endo não repetiu nenhum ano no colégio. Concluiu a 9ª série ano passado e tinha dado início ao ensino médio. Para isso, mudou da Escola Bruno Agnes para o Alfredo Kliemann, assim como o irmão. Endo era um garoto feliz, que gostava mesmo era de jogar futebol, conta a mãe. Alegria que foi sepultada às 9h30 deste sábado, no Cemitério Municipal. Em seu desespero, Juraci tenta brigar com a realidade. “Meu filho. Meu Deus, eu não estou acreditando nisso. Não pode ser verdade.” Mas é.
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Denuncie
Segundo a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), poucas informações sobre a morte de Endo Silveira (foto) foram obtidas pela investigação. A polícia espera contar com o auxílio de denúncias anônimas para chegar à autoria do crime. Quem tiver informações que possam auxiliar deve procurar a Polícia Civil. O contato pode ser feito de forma anônima pelo 197, em qualquer horário.
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