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MARCIO SOUZA

Ao me despedir, peço desculpa

“Chegou o momento de dizer adeus. E não se trata de um até logo. É adeus para sempre! Pode parecer muito radical, imaginar que a decisão é tão definitiva que não cabe uma reavaliação futura, mas, de fato, não cabe. É assunto encerrado. Vou-me! Mas, antes, tenho que desculpar-me.

Como cristão, trago a ideia de que ao chegar ao fim do ciclo é preciso olhar a caminhada, comemorar acertos e admitir os erros. E convido a fazer uma avaliação conjunta. Talvez até você, leitor, encontre algum motivo para pedir perdão a algum amigo, a um familiar, a um colega de trabalho ou àquela pessoa com quem teve poucos contatos, mas ficou magoada por qualquer que seja o motivo.

Eu cheguei, como sempre faço, criando expectativas. Foi em momento de festa e não tinha como ser diferente. Era preciso comemorar, afinal, eu sou o cara. E antes de mim, podem admitir, vieram outros que não deixaram boas lembranças. Causaram dor, brigas, chegaram a motivar tanta discórdia, que os almoços de domingo, em família, viraram cenas semelhantes aos ringues de luta livre – em palavras, é claro.

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E, em meio a esse turbilhão de coisas ruins que vinham acontecendo, apareceu aquele que viria transformar, que seria o responsável por possibilitar momentos mais tranquilos e reconfortantes. Agora, chega o momento em que admito não ter atendido a todas as expectativas. Bem pelo contrário. Fui rude, turbulento, causei dor; fiz encherem de lágrimas os olhos de mães, ao verem seus filhos sumirem; vi lares serem transformados em destroços; não dei importância a quem estava pela frente – agredi sem dó nem piedade.

É claro que todo esse mal que causei foi amenizado pela demonstração de solidariedade humana, que surge de algum lugar escondido na profundeza de nossas almas para assumir o posto de frente, evidenciando que os humanos ainda têm capacidade de serem humanos.

Nesse período em que estive com vocês, como cantam os Titãs, em Epitáfio, eu ‘devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer; devia ter arriscado mais e até errado mais; ter feito o que eu queria fazer’”’. Tenho certeza que frustrei muita gente, que esperava mais de mim. Acredito piamente que desiludi quem comemorou a minha chegada, como se fosse a solução dos problemas que pareciam ser insolucionáveis.

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Mas não fui só um pesadelo para todos. Alguns podem dizer que tiveram boas notícias, enquanto estavam comigo; fui capaz de trazer essas informações positivas e, por certo, estarei no espaço de boas lembranças dessas pessoas. É assim, ciente de que poderia ter sido melhor e na expectativa de que meu sucessor atenta aos seus anseios, que me despeço.” Eu sou o 2024.

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