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Ao assumir homossexualidade, Leite se fortalece no cenário político, avalia especialista

A entrevista do governador e pré-candidato a presidente Eduardo Leite ao jornalista Pedro Bial, na qual falou pela primeira vez sobre sua orientação sexual, foi um dos principais assuntos na sexta-feira, 2. No momento em que tenta pavimentar o terreno para concorrer a presidente da República no ano que vem – vai disputar as prévias de seu partido, o PSDB, em novembro –, Leite assumiu ser homossexual. “Nesse Brasil, com pouca integridade nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que fique claro e não se tenha nada a esconder”, alegou.

Até então, Leite, que já foi vereador e prefeito de Pelotas e é visto por setores da sociedade como um nome promissor para furar a polarização entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem, mantinha-se discreto sobre sua vida pessoal. Na entrevista, que foi ao ar de madrugada, ele falou, inclusive, sobre seu atual companheiro, um médico do Espírito Santo.

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A revelação gerou reações adversas. De um lado, Leite foi cumprimentado até por opositores políticos e, inclusive, por outros possíveis presidenciáveis, que consideraram corajosa a sua atitude. Já outros, como o ex-deputado Jean Willys, que é ativista LGTBQ, cobraram Leite por seu apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. O próprio Bolsonaro ironizou a declaração de Leite, afirmando que o governador busca “cartão de visita” para 2022.

A coluna ouviu a cientista política Elis Radmann, do Instituto Pesquisas de Opinião, de Pelotas, que acompanha a trajetória de Leite. Na sua avaliação, com o gesto, ele se fortaleceu na disputa presidencial. Para ela, Leite ganhou um “diferencial competitivo” e se firmou como “antítese a Bolsonaro”, que rejeita a pauta moralista.

“Em função de sua sexualidade, ele estava sendo atacado na surdina sem ser conhecido. Agora ele entra no jogo pautando, faz da fraqueza uma oportunidade. Com essa porta, deve ocupar um espaço do debate para se mostrar, sensibilizar, terá voz para apresentar o seu propósito, suas ideias”, observou.

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Conforme a especialista, Leite pode obter dividendos na medida em que incorpora uma pauta “humana”. “Em termos de experiência de gestão, ele se iguala a Doria. Mas cria um elo com uma parte do eleitorado que quer a verdade, a integridade, o respeito. Se humaniza, se diferencia”, observa.

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