Na coluna anterior, lembramos da importância das casas comerciais do interior, que vendiam tudo de que as comunidades necessitavam no dia a dia. Os proprietários eram muito respeitados e estimados pelas famílias.
Uma das características dos armazéns era o “fiado”. Muitas vezes, o colono só tinha dinheiro quando vendia a safra de fumo, a banha e outros. Para evitar que as famílias ficassem sem o que precisavam, o comerciante fornecia e o acerto ocorria mais tarde. Tudo ficava anotado e, quando o dinheiro chegava, acontecia o pagamento. Nesse dia, a esposa ia junto com o marido para agradecer pela confiança.
Essa relação de confiança e amizade fez com que muitos comerciantes se tornassem líderes em suas comunidades. Quando alguém precisava de um conselho, procurava ouvir o dono do armazém. Em caso de uma necessidade urgente, como doença, ele emprestava dinheiro.
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Várias casas comerciais também funcionavam como entreposto para recebimento de tabaco. Na época da safra, muitos intermediavam a compra de fumo para as empresas e ganhavam uma porcentagem. Quando os negócios prosperavam, eles compravam carro ou caminhão e passavam a oferecer outros serviços, como ônibus misto e táxi.
Na cidade também havia as vendas, com uma gama de produtos. Elas só evitavam vender remédios, pois nos núcleos urbanos existiam as farmácias. Mas a liderança e a importância comunitária dos proprietários também eram grandes, assim como o hábito de anotar as compras no caderno para pagar no fim do mês.
O que chamava atenção nos armazéns antigos era a venda a granel. Nada vinha embalado como hoje. Arroz, farinha, erva-mate, sal, açúcar e outros ficavam armazenados em tulhas (tuias) e pesados na frente do cliente. O mesmo acontecia com as bolachas sortidas. Fregueses exigentes reclamavam quando o atendente pesava as mercadorias sem lavar as mãos.
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A banha (óleo de soja ainda não existia) ficava em tarros de metal e o cliente comprava quanto quisesse. O mesmo ocorria com a manteiga, cujos pedaços eram enrolados em um papel especial.
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