Com o fim das férias de verão e o início do ano letivo, emerge um problema que acomete até 10% das crianças na pré-escola e escola: o Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS). Somente metade das crianças e famílias que sofrem com esse problema vão ter o tratamento adequado para esse transtorno, na maioria das vezes por desconhecimento ou por acreditar que passa sozinho.
O sintoma mais comum é a recusa de ir e/ou permanecer na escola sem a presença de um dos pais ou responsáveis. Essa recusa é caracterizada por medos excessivos e persistentes ou preocupações antes e no momento da separação, sintomas comportamentais e somáticos antes, durante e depois da separação e evitação persistente ou tentativas de escapar da situação de separação.
A criança se desespera quando percebe ou experimenta a sensação de ficar sem seu vínculo principal. E se desespera valendo. Com direito a gritos, choros, se agarrar nos pais, agitação e agressividade. Os pais, muitas vezes envergonhados ou irritados, não sabem se fogem, brigam com a criança ou sentem pena. Muitas vezes ficam inseguros e aumentam ainda mais a ansiedade dos filhos.
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Esse quadro costuma durar uma ou duas semanas. Então os pais acreditam que está tudo resolvido. Engano. Em agosto começa tudo novamente, após as férias de inverno. O problema não é somente a recusa de permanecer na aula, mas a ansiedade em si, que limita o desenvolvimento psicossocial da criança. Ela se torna menos voltada para o aprendizado e para a socialização, impactando em sua autonomia e confiança.
Além da recusa escolar, a criança costuma apresentar uma porção de sintomas físicos que leva os pais a consultar com diversos médicos. Os mais comuns são dores de cabeça, dor abdominal, palpitações, tonturas, insônia, pesadelos, náusea e vômitos. A criança ansiosa costuma muito mais comumente somatizar seus sintomas ansiosos do que falar sobre eles.
Dentre as causas mais comuns de TAS, que incluem aspectos genéticos, psicológicos, temperamento e de experiências de vida, vale ressaltar as relações com a família e o bullying. Na relação com a família se observa baixo envolvimento afetivo dos pais, comportamentos parentais que desencorajam a autonomia da criança (superproteção ou infantilização), conflitos conjugais, doenças graves na família e transtorno mental dos pais.
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Muitas dessas crianças podem vir sofrendo bullying de anos anteriores, o que faz com que ela não queira voltar.
O tratamento base do TAS é psicológico. Tanto da criança quanto dos pais. Muitas vezes se utiliza medicação antidepressiva e ansiolítica, que melhora mais rapidamente os sintomas. Não varra o TAS para baixo do tapete. Busque ajuda. Faz muito bem para seu filho e para você.
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