André Prando estava em turnê de seu disco Voador (2018) quando os casos de COVID-19 começaram a aparecer no Brasil. Assim que o procedimento de isolamento social foi anunciado, o artista suspendeu toda sua agenda e se manteve em casa, estimulando que seus seguidores se atentassem e fizessem o mesmo.
Foi durante a quarentena, dentro de casa, refletindo sobre o processo de reeducação de práticas diárias, sobre o cuidado de si e do próximo, sobre coletividade, além de todas as incertezas que a situação da pandemia nos trouxe, que surgiu a necessidade de exprimir artisticamente esses sentimentos.
Aos poucos foi se configurando a ideia de produzir um EP com intenção de passar conforto e esperança para os ouvintes. Prando não possui homestudio e nem a prática de gravar/produzir sozinho, então a ideia foi abraçar essas condições desafiadoras e soar lo-fi. É um EP feito realmente em casa.
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A intenção foi produzir canções tranquilas, positivas e reflexivas. Inicialmente, foram pensadas no formato voz e violão, mas durante o processo de produção as músicas ganharam novos elementos. Prando convidou amigos músicos para gravarem participações, cada um de sua casa, à distância. Por conta disso o EP traz arranjos variados, mas mantém a estética acústica. Seguindo esse mood, Prando deu ao trabalho o nome Calmas Canções do Apocalipse, com as músicas “Gatinho na Internet” (André Prando/Biltre), “Dharma” (André Prando/Luiz Gabriel Lopes) e “Clamor no Deserto” (Belchior).
Ouvindo o LP Coração Selvagem (1977) de Belchior, como é de costume durante os cafés da manhã com sua esposa, que Prando teve um insight ao ouvir a música “Clamor no deserto”. A música, somada com outras duas composições que estavam em andamento, encaixava-se perfeitamente com uma mensagem aflita, porém esperançosa, de que um novo entendimento de vida é necessário: “um novo momento precisa chegar / eu sei que é difícil começar tudo de novo / mas eu quero tentar”.
Ouça:
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