Arroio do Meio era tudo de bom. Na época não dispunha de uma emissora de rádio, de sorte que não pude exercer meus “pendores” jornalísticos. Após um ano fui promovido para a Comarca de Santiago, que estava vaga há dois anos. Junto com ela passei a jurisdicionar, por substituição, Jaguari e São Vicente do Sul. Após alguns meses as pilhas de processos parados haviam sumido dos armários, muito pela boa vontade do grupo seleto de advogados da época.
Santiago é uma cidade distante de quase tudo e, talvez por isso, fervilhava de cultura. Em pouco tempo me apresentaram o proprietário da Rádio Santiago, a única da cidade na época. Chamava-se Jaime Medeiros Pinto, uma das mais interessantes pessoas que já conheci. Poeta, músico, cantava muito bem. Eu participava assiduamente dos programas locais. Depois que fui promovido, fiquei muito tempo sem ir a Santiago. Vários anos após conheci minha “campeirinha” Maristela, de renomada família local. Ela e eu fomos crescendo na pecuária e acabamos comprando uma bela casa no centro da cidade, apesar de termos moradia em Porto Alegre.
A essa altura reencontrei um advogado de nome Antônio Cocentino, que era dono de uma nova rádio. A emissora era a FM Verdes Pampas, com 50 kW! Cinquenta kW que faziam a emissora ser ouvida num raio enorme. Cocentino quis me vender a rádio, mas preferi fazer uma experiência: importar o sistema “talk and news”, dando prioridade a entrevistas e notícias. Não funcionou, pois o povo estava acostumado a muita música, alguns recados e um monte de anúncios. Infelizmente pouco depois Cocentino faleceu num acidente.
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Certo dia, estando em vias de me aposentar, recebi convite para um programa na Rádio Pampa de Porto Alegre. Fui e gostei. Há tempos eu estranhava que Porto Alegre não tinha programa informativo nas manhãs de domingo. Na Gaúcha era o Nico Fagundes com o Galpão do Nativismo; na Guaíba eram tocadas músicas românticas, como até hoje. Na Pampa havia reprises de programas. Apresentei ao Paulo Sérgio Pinto, vice da Rede Pampa, o projeto de um programa que seria levado ao vivo, das 7 até 9h30 da manhã, aos domingos. Só faria entrevistas por telefone, máximo de cinco minutos, leria os recados mais interessantes, sendo minha mulher e meu filho Rudolf meus “secretários”. Meu lema era: “Em rádio um segundo de vacilo e o ouvinte muda de estação”. Nome do programa: “Pampa Grande do Sul”. Cortina: minha composição Sóis de Outono.
No primeiro domingo em que foi ao ar, foi um “balaço”.
Deu meu espaço. Volto quinta que vem.
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