Iniciadas as menções populares às Forças Armadas, em meio ao processo eleitoral, de imediato deveria ter havido um posicionamento claro e firme do Alto Comando de que não haveria sua opinião e participação no debate político e no desfecho eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não deveria ter convidado as Forças Armadas. E como de fato foram, as Forças deveriam ter recusado o convite. Não lhes cabe opinar sobre as urnas, tecnicamente ou não. Desse convite indevido e inoportuno, e a consequente aceitação e comprometimento das Forças, resultaria, como de fato resultou, um relatório técnico sobre as urnas.
Da expectativa popular em torno do relatório e da hipótese de envolvimento das Forças Armadas no processo eleitoral, a pretexto de serem o Poder Moderador da República, derivaram e cresceram os tais acampamentos em frente aos quartéis.
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Ainda que seduzidos pelos cantos e encantos de “sereias” – os artífices das teorias conspiratórias –, permanecessem tais cidadãos “amarrados” à razão e à serenidade, como Ulisses (na Odisseia, de Homero) ao mastro do seu navio, ou colocado cera nos ouvidos como os seus marinheiros, talvez não houvesse o deprimente e infame domingo.
A bem da verdade, direta ou indiretamente, a “construção” da degradação social e institucional vem de longa data e tem vários “pais e padrinhos”, e uma maioria de inocentes úteis. Efeito colateral do vexatório 8 de janeiro, a midiática ironia diária é que entre os indignados com a depredação e o ataque às instituições republicanas sucedem-se inúmeros e históricos semeadores da discórdia e do divisionismo social.
Ainda que fatos incomparáveis, dada a dimensão e a relevância do ataque simultâneo aos Três Poderes, não são menos criminosas as invasões e as depredações de bens públicos e privados no passado recente. Afinal, igualmente contrárias à Constituição e ao Estado Democrático e de Direito. Repete-se o histórico oportunismo político e a habitual indignação seletiva.
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Sobre a probabilidade do advento e a disseminação da irracionalidade grupal em mobilizações e ajuntamentos, políticos ou não (observe as brigas nos estádios), vale a pena reler algumas páginas da obra do psiquiatra Sigmund Freud (1856–1939), mais precisamente a Psicologia das Massas e a análise do Eu (1921). Trata da fragilidade e da sucumbência comportamental do Eu em meio ao grupo. Desde adolescentes, adultos ou nem tanto, em grupo somos valentes. E, às vezes, covardes e violentos!
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