Regional

Amvarp vai pedir ajuda à Famurs para viabilizar recursos para reconstrução da região

A Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) realizou assembleia geral nessa quarta-feira, 24, junto à Feira da Produção, em Vera Cruz. O encontro teve prestação de contas da entidade e críticas à lentidão na ajuda à reconstrução dos municípios atingidos pelas cheias em maio. O presidente da Amvarp e prefeito de Mato Leitão, Carlos Bohn, informou que várias mobilizações e encontros foram realizados tendo como objetivo a recuperação da região.

“Foram duas pautas essenciais. A primeira diz respeito à recomposição das perdas do ICMS, levada a Brasília na Marcha dos Prefeitos. O segundo ponto está relacionado ao atraso na liberação de recursos, tanto para os moradores quanto para as empresas que carecem dessa ajuda”, justifica.

Bohn cobrou maior acesso aos auxílios | Foto: Bruno Pedry/Nascimento MKT

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A prefeita de Sinimbu, Sandra Backes, revelou os problemas relacionados ao cadastro para reconstrução, que libera o valor de R$ 5,1 mil para a comunidade. “É muita propaganda e pouca resolução. Além desse problema com os cadastros, estamos com empresas necessitando acesso às linhas de crédito, mas não conseguem, porque estão qualificadas como endereços fora da área alagada. Acho que a entidade terá que levar essas situações a Brasília.”

O presidente Carlos Bohn irá encaminhar, via Famurs, uma solicitação formal ao governo federal, para que a União esteja atenta aos problemas causados pela demora nos repasses prometidos aos atingidos pelas enchentes.

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Soluções tecnológicas contra os desastres

O Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) também fez, nessa quarta-feira, na Feira da Produção, a assembleia geral com prefeitos associados. Na pauta estiveram projetos e propostas pós-enchentes para a adaptação e reconstrução dos municípios. Conforme a presidente do consórcio e prefeita de Sinimbu, Sandra Backes, a realidade da região foi completamente alterada depois das enchentes de maio. “Nosso próprio município [Sinimbu] acabou se tornando um grande laboratório de estudo para que se tome decisões e medidas neste pós-enchente”, observou.

O engenheiro civil Lucas Reginato apresentou um novo método de avaliação para uma edificação atingida por enchentes. “A ReHabilar tem como proposta ir além dos problemas causados pelas enchentes. Busca entender quais os que poderão surgir a partir do evento e mapear custos para a recuperação”, contou o engenheiro. Segundo Reginato, a partir do estudo e mapeamento detalhado das edificações torna-se possível criar projetos e cronogramas de recuperação, com a capacidade de quantificar esses recursos. “A avaliação dura em torno de 15 minutos, fazendo com que os dados estejam disponíveis ao gestor quase em tempo real. Avaliamos 50 edificações em Sinimbu e pudemos constatar até o tipo de material utilizado nelas. Isso pode inclusive ser definido nos planos diretores dos municípios, para criar estratégias de reabilitação nessas áreas.”

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Sandra: inclusão no Plano Rio Grande | Foto: Bruno Pedry/Nascimento MKT

A presidente do Cisvale frisou que urge a necessidade de inclusão da região no Plano Rio Grande, criado para a adaptação das áreas atingidas pela catástrofe climática. “É essencial que sejamos incluídos neste projeto, pois todos os municípios da região precisam de planos e programas coletivos para recuperação e adaptação a esta nova realidade”, definiu Sandra Backes.

Ela antecipou que será criada uma comissão regional com Cisvale, Amvarp, universidades, faculdades e outras entidades regionais para desenvolver ações e projetos para o Vale do Rio Pardo, com foco na prevenção e adaptação aos eventos climáticos.

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A necessidade de municípios resilientes

O pesquisador Daniel Allasia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirmou que inundações estão entre os principais desastres naturais, especialmente nas pequenas bacias hidrográficas, situação que torna esse tipo de evento praticamente inevitável. “Percebemos que é dada maior atenção à Região Metropolitana. Os municípios da Região Central acabaram ficando em segundo plano”, apontou o pesquisador.

Segundo ele, a cada 20 anos, em média, uma grande enchente atinge municípios da região, e isso não está mapeado em níveis federais. “O que se precisa trabalhar é que esses municípios onde ocorrem eventos cíclicos devem estar preparados e equipados. Um dos primeiros pontos é mapear por batimetria o fundo dos rios, para criar as estratégias nas cidades”, disse.

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Além disso, continuou Allasia, a previsão de desastres precisa estar focada na mancha de inundação e áreas que serão atingidas em um evento. Segundo ele, hoje esse serviço não existe no Rio Grande do Sul.
Na avaliação de Daniel Allasia, é necessário que consórcios regionais sejam utilizados como parceiros na captação de recursos para implantar soluções resilientes, com capacidade de suportar desastres naturais com o mínimo de perda ou riscos à população.

Sinergia

O professor e pesquisador Marcelo Luís Kronbauer, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), disse que o conceito de resiliência está muito próximo da sinergia regional, para que as ações que devem ser tomadas sejam otimizadas quanto ao uso de recursos, e assertivas no que se refere aos resultados. “Todos os projetos que estão em andamento e são propostos precisam dessa sinergia na região, porque precisaremos deixar de pensar nos limites dos municípios neste novo normal”, definiu.

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A Unisc também prepara a instalação de estações de monitoramento nas bacias hidrográficas, para gerar informações e dados de precisão para o alerta às comunidades ribeirinhas e municípios banhados pelos rios. “Estamos juntos para, inclusive, buscar recursos para a implementação, com o propósito de não onerar as prefeituras com essas ações e dispositivos para auxiliar no trabalho de prevenção e resposta rápida aos eventos”, complementou Kronbauer.

Os problemas da RSC-153

Em meio aos problemas de manutenção da RSC-153, especialmente no Eixo Norte da rodovia, que passa por Vera Cruz, Sinimbu, Vale do Sol, Herveiras e Gramado Xavier, o presidente da Comissão da 153, vereador de Herveiras Antônio Gildasio Corte Vieira, criticou a falta de cuidados com a estrada. “Eu digo aos senhores: se não fizermos algo, e com urgência, não teremos mais rodovias daqui a pouco tempo.” A associação deverá contatar o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para expor a necessidade de manutenção da RSC-153, que todos os dias registra acidentes e problemas no tráfego.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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