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Amvarp debate crise na saúde pública da região

A crise na saúde pública enfrentada pelos hospitais da região foi pauta da reunião mensal da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp), realizada na manhã desta terça-feira, 19 de abril, no Espaço Assemp. O debate foi aberto a partir de uma cobrança feita pelo prefeito de Passo do Sobrado, Caio Baierle e pelo prefeito de Rio Pardo, Fernando Scwhanke, na última reunião da Amvarp. Baierle e Schwanke afirmaram que a implantação do curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) não estava surtindo os efeitos esperados. Carmen Lúcia de Lima Helfer, reitora da Unisc – acompanhada pela diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão do Hospital Santa Cruz (HSC) e coordenadora pedagógica do curso de Medicina, Giana Diesel Sebastiany – fez uma apresentação de dados, objetivando esclarecer os gestores presentes sobre o assunto.

Na presença de prefeitos, representantes da 13º Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), secretários de saúde e representantes de hospitais da região, a reitora iniciou a explanação contextualizando a dinâmica da implantação do curso e o momento atual pelo qual passa a saúde pública. Em seguida, Giana começou sua exposição, feita a partir de sua tese de doutorado, cujo assunto consistia no impacto que o curso de Medicina trouxe para a região.

Intitulada de A Necessidade Social de Um Nova Escola Médica: análise no contexto regional, a apresentação começou abordando as fragilidades que residem na ideia da proporcionalidade entre médicos e pacientes, ressaltando que não é somente o número de pessoas de uma população que define o número necessário de médicos para atender a demanda daquele local, uma vez que o perfil epidemiológico se apresenta como um dos fatores determinantes. Entre as fragilidades, ela também apontou que é necessário se considerar, para fins de entendimento do quadro local de médicos, o fator migração.

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A coordenadora pedagógica do HSC frisou que em termos orçamentários, não há o amparo necessário para se cobrir todas as necessidades de uma população, no que diz respeito à sua saúde. Além disso, levantou o papel do Ministério da Educação (MEC), que exerce um controle na formação superior dos profissionais da saúde, ligando a mesma, obrigatoriamente, ao Sistema único de Saúde (SUS). “Outra questão que se deve considerar, é que nos últimos anos, o poder público, em todas as suas esferas, vem atribuindo a solução para os problemas da área da saúde às escolas de medicina e à formação de novos médicos. Exemplo disso é o Programa Mais Médicos, que relaciona a ideia de mais profissionais com a qualidade e eficácia da saúde pública”, relatou.

Giana foi taxativa. “Uma escola de medicina ou um conjunto de escolas, não resolvem o problema da saúde pública, porque ele é muito mais amplo do que isso”, disse. Conforme ela, o SUS tem uma política de atenção à saúde que estipula a regionalização como diretriz, o que incorre na descentralização dos serviços e traz como necessidade a pactualização e a negociação entre gestores para a efetiva administração das questões da saúde. “De onde sai o recurso investido na prestação de serviços ao ente público?”, questionou. “Não é da mensalidade dos alunos do curso de Medicina”, respondeu, esclarecendo. Ela destacou que cerca de 94% dos estudantes da Unisc utilizam financiamento ou programas do governo para custear suas despesas universitárias.

Giana trouxe à pauta também o fluxo envolvido na prestação de serviços. “É feita uma análise da necessidade de atendimento de uma população. Essa população explicita suas demandas, essas demandas por sua vez acabam por ‘perturbar’ uma ordem já estabelecida, o que resulta numa política social que, por falta de recursos, não consegue alcançar a plenitude e universalidade”, explicou.

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A partir disso, ela levantou os pontos por trás dos motivos que fidelizam um médico em um município. Dentre os citados, destacou que o fato de um hospital oferecer um programa de residência médica tem peso três vezes maior que os demais, como estrutura e rede de suporte.

Conforme pesquisa realizada pelo Datasus, em 2007, um ano após a implementação do curso de Medicina, Santa Cruz contava com 83 médicos clínico-geral atuando no SUS. Em 2014, esse número subiu para 255. “Trata-se de um incremento de 271% e isso se deve sim, ao curso de Medicina”, ressaltou. “Fiz uma comparação com a região do Jacuí-centro, que também concentra um hospital escola, e lá o aumento foi de 157%”, complementou. Ainda segundo Giana, tudo que o curso traz gera qualidade na saúde, o que por sua vez atrai mais médicos e profissionais da área, que acabam se estabelecendo e trabalhando na região. “As necessidades da população no que tange a saúde, são muito maiores do que atendimento,” finalizou.

Debate

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Após a apresentação feita pela reitora e pela diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão do HSC e coordenadora pedagógica do curso de Medicina da Unisc foi aberto um espaço para questionamentos. Durante o debate que se seguiu, o prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus reconheceu que “talvez o que se disse em relação ao HSC, na verdade, estava se dizendo a respeito do sistema”. Já o secretário municipal de Saúde, Henrique Hermany, apontou que os gestores devem se unir para cobrar mais das outras esferas do poder público. Como resultado geral do primeiro momento da reunião, ficou acordado que os municípios precisam trabalhar em conjunto e que os gestores devem se juntar para construir estratégias no intuito de driblar os problemas pelos quais os hospitais vêm passando. Diante disso, a reitora, Carmen Lúcia de Lima Helfer, destacou que a Unisc está aberta e disposta para colaborar com tudo o que for possível.  

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