“Estamos corrompendo os nossos jovens.” O título é forte, mas ao longo da entrevista se constata que o personagem consolida com fatos essa opinião. Trata-se do filósofo Nuccio Ordine, um dos mais importantes estudiosos da Renascença, autor do livro A utilidade do inútil, lançado em 2012 e que chegou ao Brasil no ano passado.
Em recente entrevista publicada na imprensa, ele afirma que hoje assistimos à ditadura do mercado.
– Em qualquer âmbito, em qualquer momento da nossa vida, é preciso levar, sempre, em consideração a que serve, quanto se ganha, qual é o proveito disso. Penso que esta lógica destruirá o mundo – cravou.
Ordine diz que a escola e a universidade não podem ser administradas como uma empresa. Acrescenta que é preciso educar os jovens a resistir à corrupção. Critica que a maioria dos jovens não escolhe a universidade com base nas suas paixões, porque todos dizem a eles para escolher um curso que vai lhe fazer ganhar dinheiro. E isso, segundo ele, é corromper os jovens.
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Em relação às redes sociais, Nuccio Ordine diz que a internet e as mídias sociais estão criando uma tipologia de debater a partir do insulto.
– Não é um verdadeiro diálogo. O direito à palavra deve ser conquistado. Atualmente, se uma pessoa competente fala e um ignorante faz uma intervenção no Facebook, é normal que o ignorante a insulte – exemplifica.
Ao longo da entrevista foi destacada a afirmação do escritor Umberto Eco:
– As mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade – acusou.
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A entrevista é recheada de flagrantes que estão diante dos nossos olhos, mas não flagramos. Sobre jovens, diz que precisam de bravos professores apaixonados que façam com que sejam compreendidos. E cita um paradoxo da vida moderna:
– Você está perto de mim, mas eu não falo com você. Prefiro falar no celular com alguém que está lá longe. Isso é uma loucura! Estamos banalizando as relações humanas porque pensamos que amizade é um clique no Facebook.
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