O fim de ano não é só marcado pelos dias do Natal e Ano Novo. É um tempo em que gente corre para resolver pendências e, em alguns casos, ainda tentar salvar o ano. As agendas estão cheias de reuniões, compromissos e eventos de confraternização nas famílias, empresas, associações de classe, grupos de amigos ou interesses comuns, igrejas, condomínios, escolas, etc. Haja energia física e emocional, além de muito dinheiro no bolso, para enfrentar essa relação de despesas extras.
Uma dessas atividades é o amigo secreto, realizadas em cada um dos ambientes citados acima. Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeiro, além de autor de livros, palestrante e pós-doutor em educação financeira, sugere realizar, nas famílias, o amigo secreto “inteligente”. Em vez de cada um comprar presentes para todos – esposa, filhos, pais, sogros, tios, sobrinhos, etc -, o que pode sobrecarregar financeiramente apenas o provedor da família, cria-se o amigo secreto, estabelecendo um valor do presente. Com todo mundo de acordo, faz-se o sorteio dos amigos secretos, cabendo a cada um pesquisar para saber o que o seu amigo gostaria de receber. Assim, na noite de Natal, após a ceia, com a família reunida, feliz, num ambiente gostoso de confraternização, realiza-se a revelação dos amigos secretos.
Nas empresas, costuma-se realizar a tradicional festa de confraternização de fim de ano. Às vezes, só de setor. Outras, com todos os departamentos, filiais e até com a participação de clientes especiais e colaboradores externos. Como “esquenta” do grande evento, a brincadeira que não pode faltar: o amigo secreto ou amigo oculto.
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Para alguns, a atividade é um verdadeiro horror. Para outros, oportunidade de brincar com os colegas, de mandar mensagens e, em alguns casos, de apelações ou até bullying. Dependendo dos antecedentes, é prudente estabelecer algumas regrinhas básicas, evitando-se que a brincadeira vire motivo de piada, fofoca ou até de desavenças pessoais.
Tudo começa com o sorteio dos amigos e das amigas secretas, geralmente promovido por algum líder, mesmo que informal; nas empresas, costuma estar a cargo de alguma secretária ou do RH. Mais raro nas famílias, mas também acontece, o resultado aleatório pode, eventualmente, revelar o lado sombra das pessoas, expondo conexões suspeitas entre os envolvidos, principalmente quando existem rede de comentários maldosos, fofocas ou sub-alianças perversas nos grupos. De acordo com a reação das pessoas, ao identificarem o nome do amigo secreto, escrito no bilhete “sorteado”, é possível observar o que se passa no íntimo daquela pessoa, sem necessidade de apelar a técnica da leitura labial. Alguns ficam indiferentes com o amigo ou a amiga que a lei da probabilidade colocou em seu caminho. Outros, chateados, embora procurem disfarçar esse sentimento. Poucos, eufóricos, principalmente quando é a oportunidade de aproximar-se de alguém especial. Há, ainda, os que procuram negociar a troca de seu amigo, alegando vários motivos, sem muitas vezes, admitirem que, na realidade, não se sentem à vontade com determinada pessoa, quando não a odeiam. Tem quem resolve essa situação, com a maior cara de pau, devolvendo o bilhetinho e retirando outro…
Certamente, uma das principais recomendações do amigo secreto é ater-se ao valor estipulado, até mesmo se o sorteado ou sorteada for pessoa importante; na empresa, pode ser o gerente ou até proprietário que participa da brincadeira. É que o amigo é secreto, mas o limite do presente, não.
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Em alguns eventos, são organizadas listas de pedidos ou murais onde as pessoas expõem seus desejos. Alguns participantes pedem vale-presente de determinada loja ou até preferem o valor estipulado em dinheiro. Para quem vai presentear é muito cômodo e prático, mas pode frustrar o objetivo da brincadeira que é unir os integrantes, levantar o astral e preparar o espírito das pessoas para a festa e para o próximo ano. Se o amigo secreto é alguém com quem se mantém apenas relacionamento superficial, como acontece em grupos, ou profissional, na empresa, ou nem isso, é um desafio descobrir um pouco sobre aquela pessoa, seus gostos, ideias e desejos. Por esse caminho, procurar saber o que a pessoa gostaria de receber ou até precisa, consultando, se for o caso, pessoas próximas dela. Lembrar-se que presentear alguém envolve mais do que a mera compra de um objeto. É uma declaração explícita do quanto se gosta daquela pessoa e o empenho que se teve em querer agradá-la.
Outra questão importante é com relação a participar, ou não, do amigo secreto. Principalmente em empresas, recusar o convite pode passar a ideia de ser uma pessoa antipática, sem comprometimento e que não está nem aí para o grupo. Pior ainda: não participar e ainda criticar o evento. Ou, então, participar – afinal, pode “pegar” mal excluir-se – mas fazer comentários negativos, dizendo que detesta a “palhaçada”, que o valor estipulado é muito baixo ou muito alto e que sempre sai no prejuízo.
Confraternizar é importante e é pena que, principalmente nas empresas, ocorra apenas em fim de ano. É um evento em que podemos aprender muito e, também, ensinar, além de termos a oportunidade de conhecermos colegas incríveis, podendo ativar ou melhorar nosso networking. A simples revelação e a entrega do presente ao amigo secreto pode ser um ato de criatividade e de graça, dando a oportunidade de a pessoa mostrar um talento ou uma característica que talvez fossem desconhecidas pelos demais participantes. Numa empresa, por exemplo, uma funcionária da limpeza surpreendeu, declamando um poema de sua autoria, quando revelou que já tinha até um livro publicado.
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