Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) afirmava que o ser humano só se pode constituir pela confrontação de, pelo menos, dois desejos assimétricos (não iguais).
Assim, se tornaria escravo aquele que colocasse sua vida acima de sua liberdade, e por isso pararia de lutar. E, contrariamente, se tornaria senhor aquele que colocasse sua liberdade acima de sua vida, e por isso continuaria lutando.
O filósofo alemão também observava que a história é farta em exemplos de estabelecimento de relações de senhorio e servidão, regra geral consequência de guerras, forma radical de submeter um povo à vontade de outrem.
Com o “desmonte” da União Soviética (URSS), o equilíbrio de poder mundial não existe mais. Consequência ou não, sucedem-se as microguerras localizadas.
A maioria delas de informação e contra-informação, agora predominantemente digitais. E a pretexto de qualquer reivindicação e palavra de ordem, legítimas ou não.
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Amazônia. De repente, vem à tona uma enxurrada de denúncias sobre desmatamento, queimadas, constituição e presença de bases sociais e econômicas estrangeiras (ONGs, por exemplo), envolvimento e cooptação das tribos locais e tentativa de legitimação de ocupação (lembram da antiga proposta internacional de criação da república Ianomâmi?).
Desmatamentos (legais e ilegais) e queimadas (naturais e provocadas), por exemplo, são problemas e ocorrências históricas e repetitivas, para mais e para menos em extensões e danos, fosse quem fosse o governo federal e estaduais.
Independentemente de nossa evidente dificuldade de gerenciamento daquele megaproblema (ou será megassolução?), creio pertinente uma reação, sob pena de resultar na submissão e a prevalência do espírito do escravo.
A insubmissão (negação da servidão) contra uma ideia de ocupação estrangeira está ancorada na sua falta de base política e legitimidade local (por que não te calas, Macron?).
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Ressalte-se que o pretexto para a ocorrência da “guerra amazônica” é um fracasso da política. Resultado de incompetência e ausência de interlocução de qualidade (por que não te calas, Bolsonaro?).
A desastrosa comunicação presidencial e o atraso de uma reação propositiva e qualitativa em torno do problema imediato proporcionaram o advento de uma histeria coletiva que revelou oportunistas nacionais e estrangeiros de todas as categorias sociais, vertentes e pretextos, alguns de objetivos inconfessos e manifestações rancorosas.
Tirante esclarecimentos científicos e declarações honestas acerca do desastre amazônico, preponderou, entretanto e massivamente, “a queimada e o desmatamento” da verdade, da ciência, da ética, do respeito e da diplomacia!
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