O primeiro dia de avaliações presenciais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo, 17, teve tumulto em Santa Cruz do Sul. Alunos que deveriam realizar as provas no bloco 35 da Universidade de Santa Cruz do Sul foram impedidos de entrar nas salas, que já teriam atingido o limite de pessoas, imposto em função da pandemia.
Os alunos que foram barrados não puderam realizar a prova. Eles teriam sido orientados a ligar para o 0800 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e aguardar a orientação para a remarcação da avaliação. Um princípio de tumulto teria se formado em frente ao local com os inscritos que foram impedidos de entrar nas salas e as famílias.
Conforme Luis Fernando Antqueviezc, de 42 anos, que além de candidato também é pai de um estudante, o número de salas não foi suficiente para comportar a quantidade de alunos, respeitando os protocolos de segurança. “Chegamos antes de fecharem os portões, a capacidade da sala era para 32 pessoas mas só podiam entrar 16, cumprindo o distanciamento. Como já haviam salas com a capacidade esgotada eles mandaram as pessoas embora e orientaram a ligar para o atendimento do Inep para remarcar a prova.” Ele relata que a coordenação do local, no bloco 35 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), se recusou a registrar em ata a não realização da prova pelos participantes prejudicados. “Tinha gente desesperada, alunos chorando, foi uma confusão”, conta. A Brigada Militar foi chamada para garantir a segurança.
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Outra candidata prejudicada foi a estudante Natália Neto, de 18 anos e que estaria realizando o Enem pela primeira vez. “Eu cheguei aqui meio-dia, justamente porque eu não queria que nada de errado acontecesse. Estava sentada do lado de fora junto com meus amigos, a gente não queria ficar tanto tempo esperando na sala. Por volta das 12h40 fui até a minha sala e o fiscal falou que eu deveria ir para a sala reserva, porque naquela não havia mais espaço”, conta. Ainda segundo Natália, o responsável anotou seus dados na folha correspondente e a encaminhou para outro espaço. “Quando cheguei na outra sala já vi que tinha um burburinho, gente chorando e me explicaram que não teria como colocar todas as pessoas lá.” Natália diz que haviam outras salas livres na Unisc, mas não houve esforço por parte da organização para resolver o impasse. “O que me deixa mais irritada é que poderiam ter feito alguma coisa, era simples, haviam salas livres”, questiona.
Diversos candidatos, por conta própria, foram até a Delegacia Polícia Federal em Santa Cruz do Sul para registrar boletim de ocorrência, conforme o delegado plantonista Elton Manzke, responsável pelos atendimentos, a PF agora vai investigar o ocorrido. “A Polícia Federal apura crimes. Qual é o crime que em tese se está vislumbrando aqui? Constrangimento ilegal? Pode haver, mas aí temos que ver quem praticou e se houve dolo, se houve vontade ou se foi apenas um problema de organização e de planejamento”, explica.
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Segundo o delegado, será feito um registro e, posteriormente, serão requeridas informações da Unisc e do Inep. “Eu sugeri aos pais que se organizem e que procurem o Ministério Público Federal, que é o fiscal da lei, e que também procurem a Defensoria Pública, para de repente entrar com uma ação pedindo o cancelamento de toda a prova ou uma nova prova para quem não conseguiu fazer”, afirma. “Existem providências na área cível para serem tomadas e também na área penal, que é nossa atribuição e nós vamos apurar com a Unisc e com o Inep o que será feito, já que não podem prejudicar os alunos que compareceram no horário”, completa.
A prova
Foram disponibilizadas 116 salas de aula da universidade, 50% a mais que na edição anterior, quando 77 espaços foram requisitados pela organização. A Unisc apenas oferece o espaço, mas não participa da organização.
Em entrevista à Rádio Gazeta 107,9 na sexta-feira, a secretária municipal de Saúde, Daniela Dumke, disse que os protocolos estavam de acordo com as exigências do Inep, que trabalha com margem de 30% de abstenção. Segundo ela, se alguma sala ultrapassasse o limite de 50% de capacidade, o excedente seria remanejado para outras salas que não tivessem atingido o máximo previsto. Também haveria salas extras preparadas para receber os alunos em outros locais.
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Questionada pelo Portal Gaz, a Prefeitura de Santa Cruz divulgou uma nota através de sua assessoria de comunicação. Confira na íntegra:
A prefeitura de Santa Cruz do Sul informa que a realização e organização do Enem é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A Vigilância Sanitária do município esteve na Unisc durante a manhã e a tarde fiscalizando o cumprimento dos protocolos, mas questões envolvendo o remanejo de alunos e aplicação das provas são de responsabilidade do INEP.
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