As restrições e limitações impostas pela pandemia de Covid-19 se mostraram um grande problema para toda a população, especialmente no que diz respeito ao distanciamento social. Para as crianças e adolescentes, porém, esses desafios foram ainda maiores. Percebendo a dificuldade que os alunos tinham para se expressar em relação ao isolamento, a supervisora educacional Maria Suzi Cunha, da Escola Estadual Rio Pardo, teve a ideia de transformar os relatos em texto e publicá-los em formato de livro.
O objetivo inicial era fazer uma surpresa para a comunidade escolar. Para isso, Maria Suzi contou com o apoio de vários professores, que demandaram aos estudantes a produção de textos com percepções acerca do período de isolamento, quando as aulas ocorriam somente no modelo virtual. Essas produções seriam então compiladas na publicação. O segredo, porém, foi impedido pela necessidade de autorização dos pais para o uso dos materiais.
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As famílias prontamente permitiram e se engajaram para viabilizar a iniciativa. Os alunos, por sua vez, ficaram empolgados com a possibilidade. “O que mais vimos nos textos foi o afeto, a sociabilidade e a união. Porque a escola não é para bonito, ela é a segunda casa de muita gente”, diz a professora Lilian Reis. Ela salienta que os textos passaram somente por correção ortográfica, preservando a forma escolhida por cada estudante para se expressar, que também inclui desenhos. “Foi uma escrita singela mas não quisemos mexer, queríamos saber como foi para eles passar por isso. Se para os adultos é difícil, imagina para os pequenos”, observa Lilian.
Já a diretora Aline Barros revela que muitas crianças dos anos iniciais foram conhecer a escola muito tempo depois da matrícula, em função das restrições ao ensino presencial. Com isso, as aulas virtuais e a falta de contato com os colegas e professores foram questões muito abordadas.
Produção gerou expectativas e é um legado para o futuro
Para a idealizadora do projeto, Maria Suzi, além do incentivo à leitura e escrita dos alunos da Escola Estadual Rio Pardo, a publicação do livro vai ser um legado para as próximas gerações. “Nós temos, hoje, muitos alunos filhos de pessoas que estudaram aqui. De repente, daqui a alguns anos, os filhos deles poderão ler os textos dos pais sobre a pandemia”.
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Com lançamento previsto para esta sexta-feira, 10, os estudantes têm se sentido cada vez mais empolgados. “Quando falamos sobre o assunto os olhinhos brilham, eles perguntam se poderão autografar como escritores”, conta a professora Lilian. Ela acrescenta que o processo de correção do material, negociação com as editoras e finalização foi difícil, considerando o orçamento e o tempo disponível. Mesmo assim, em pouco mais de três meses tudo foi concluído com sucesso. “Escola pública não pode pegar o primeiro orçamento e fazer. Tivemos de ligar para editoras do Brasil inteiro e negociar prazos e valores”, ressalta Aline Barros.
Com a burocracia, desistir foi uma possibilidade por mais de uma vez. Contudo, a persistência de Maria Suzi, preocupada com a expectativa gerada e a promessa feita aos alunos, foi suficiente para novas tentativas. O resultado é um livro de 140 páginas, com a divisão dos capítulos por cada turma e que estará disponível para a comunidade na biblioteca da Escola Rio Pardo.
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