Armários, caixas de lenha, bancos, tábuas de corte e vários outros utensílios são produzidos pelas mãos de alunos que acionam a criatividade e ainda aprendem as técnicas básicas para uma possível futura profissão. É na Oficina de Marcenaria da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Menino Deus, no bairro de mesmo nome, em Santa Cruz do Sul, que a disciplina e a habilidade se encontram em cada peça de madeira trabalhada.

Em operação há mais de 20 anos, a oficina se reinventa com a entrada de novos alunos e projetos. Neste semestre, a equipe encara uma de suas maiores missões: fazer a montagem das 27 mesas em MDF que serão entregues para as salas de robótica da rede municipal.

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A primeira delas foi finalizada nessa quinta-feira, 19, e a prefeita Helena Hermany acompanhou a entrega. “Nossos alunos estão de parabéns! Vemos o pessoal da marcenaria, uma técnica tradicional tão importante, auxiliando os colegas da robótica, que é uma área nova e vem recebendo muito incentivo no município”, destacou.

Ela foi convidada para o teste da primeira mesa, que ficará na sala de informática da própria Emef Menino Deus, a poucos metros da marcenaria onde as chapas em MDF foram cortadas, coladas e montadas por jovens entre 12 e 16 anos, em atividades realizadas no turno oposto às aulas. “É uma alternativa para que os alunos aprendam no contraturno, que vai ao encontro do que a gente pretende para eles, que é um presente e um futuro melhor”, afirmou a diretora da escola, Leila Berlt.

Com a iniciativa, a Secretaria Municipal da Educação estima que poderá economizar até 75% dos custos que teria com a aquisição das mesas. Mas o principal objetivo, segundo o titular da pasta, Wagner Machado, é a formação extracurricular dos estudantes.

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“As oficinas contribuem para a aprendizagem e oferecem um futuro profissional com mais oportunidades para os alunos”, avalia Wagner. “O que mais desejamos é que eles se tornem adultos capazes de se projetar profissionalmente. Por isso estamos investindo tanto em tecnologia nas escolas”, enfatizou Helena. Até o início do próximo ano letivo, a ideia é que todas as escolas municipais de Ensino Fundamental estejam equipadas com as mesas, para uso dos kits de robótica adquiridos pelo Município.

“É mais um espaço para aprendizagem”

Instrutor da oficina há 14 anos, Jaques Paranhos conta que a matéria-prima para a confecção dos materiais tradicionalmente confeccionados vem, principalmente, do reaproveitamento de paletes.
Porta-temperos, casinhas de passarinho, floreiras e porta-joias são algumas das peças mais produzidas. Mas o instrutor, que já criou fortes vínculos afetivos com os alunos, ensina bem mais do que apenas as técnicas de marceneiro.

“A ideia principal é que eles estejam aqui, aprendendo no ambiente escolar, em vez de estarem na rua, sujeitos a todos os riscos que, infelizmente, a periferia tem. Eles ficam aqui dentro, convivem com outros colegas e se entrosam a ponto de formarem quase uma irmandade”, ressalta Jaques.

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“Criei praticamente uma família aqui dentro”, afirma estudante

Atualmente, 12 alunos fazem parte da Oficina de Marcenaria da Emef Menino Deus. Um dos mais dedicados é Emanuel Kopp, que já não estuda mais na escola – porque passou para o Ensino Médio –, mas faz questão de seguir integrando a equipe.

Filho de carpinteiro, ele entrou em 2019 por recomendação do pai e criou amor pelo ofício. “No começo eu vinha quase forçado, porque meu pai pedia, e acabei criando aqui dentro um vínculo com a gurizada. Quando completei o 9º ano, vim aqui e pedi para o professor: ‘abre uma exceção para eu poder continuar’. Eu quis seguir porque gosto de trabalhar com a madeira e criei uma família aqui dentro.”
Durante a entrega da mesa de robótica, nesta semana, ele presenteou a prefeita Helena com um porta-joias feito pela equipe.

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