Colunistas

Alto astral para sobreviver

Como jornalista há mais de 40 anos, minha rotina se constitui na busca diária de informações. E para isso lanço mão dos mais diversos canais e empregando diversas ferramentas, mesmo sendo um “ser analógico” com sérias dificuldades com a tecnologia.

Lendo, ouvindo e pesquisando notícias todos os dias, das 6 horas até a hora de dormir, não estranho quando ouço alguém dizer que “o ser humano não tem mesmo solução. É um caso perdido que deve ser reinventado”, tamanhas barbaridades presenciamos no cotidiano. A proliferação de escândalos, tragédias e casos escabrosos é realmente de tirar o ânimo de qualquer vivente.

Na semana, viralizou em todo o Brasil – e até no exterior – o caso ocorrido no Rio de Janeiro envolvendo aquele anestesista psicopata que estuprava mulheres que recém tinham dado à luz. Isso ocorria dentro da sala de parto! Cá entre nós: trata-se de um episódio para o qual faltam adjetivos para classificar. Um comportamento doentio, abusivo e que reacende o debate em torno da pena de morte no país.

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Também tivemos inúmeros acidentes de trânsito fatais, além de feminicídios seguidos de suicídio dos autores e episódios assemelhados em termos de impacto social. No começo desta semana, muitos jornais do Rio Grande do Sul estamparam na capa a seguinte manchete: “Número de pedidos de demissão no Estado é o maior em três anos”. Li, reli e tornei a ler para tentar entender.

À primeira vista, parecia que a crise econômica expulsara do mercado de trabalho 460,5 mil pessoas. Mas, analisando detidamente, me dei conta de que são “pedidos de demissão”. Ou seja, são fruto da iniciativa exclusiva dos trabalhadores. Por que  tiveram a iniciativa de abandonar o emprego que ocupavam? Teriam encontrado novas alternativas profissionais? Resolveram enveredar pelo empreendedorismo, abrindo seus próprios negócios e dando adeus à visa de empregado?

Essa manchete, que para mim soa tremendamente enganosa, comprova uma tendência arraigada há tempos, mas com ênfase nos últimos anos, por parte da grande mídia, em turbinar as más notícias. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: não defendo o “jornalismo cor-de-rosa”, aquele que só veicula conteúdos positivos. Defendo, porém, equilíbrio e bom senso na dosagem.

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Considero essa sensatez não apenas para melhorar a autoestima das pessoas – leitores, ouvintes, telespectadores e internautas –, mas também para inspirar bons exemplos e divulgar iniciativas construtivas. Além de informar, a imprensa possui o condão de indicar caminhos, principalmente após dois anos de pandemia, estiagem e um fardo muito pesado de episódios que marcam o momento atual. É a tal “empatia” que essa mesma mídia tanto prega.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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