O bom valor praticado na venda do milho tem incentivado os produtores de Santa Cruz do Sul para a manutenção do cultivo do grão, seguindo com 6,6 mil hectares. Muitos fazem de forma intercalada com o tabaco, aproveitando o período chamado safrinha, a partir de janeiro. Os que optaram pelo plantio cedo já semearam e torcem pela manutenção das condições climáticas atuais.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul, Renato Goerck afirma que a expectativa é positiva. “O clima está muito favorável ao plantio, sem estiagem e com eventuais chuvas, como da última semana. Temos que ver em que quantidade virá a próxima”, explica. O receio, no entanto, é sobre a previsão da incidência do fenômeno La Niña, que gera menor precipitação e aumento das temperaturas.
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O extensionista da Emater/RS-Ascar, Vilson Pitton, entende que a consequência pode ser percebida de acordo com o período em que se manifestar. “Se vier mais para dezembro, janeiro, acabará não afetando quem fez a plantação cedo”, adianta.
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Se o clima é algo incerto, o mercado parece bem animador. A saca de milho com 50 quilos, que custava R$ 50,00, supera os R$ 80,00. Sobe a receita, mas aumentam as despesas. A manutenção da terra, com adubo e herbicidas, pode representar um significativo reajuste. “Em fevereiro, o adubo custava R$ 100,00. Agora está em torno de R$ 160,00; nos herbicidas, em março, o valor era R$ 300,00, sendo adquirido atualmente por até R$ 900,00”, ressalta Goerck.
Os resultados da última safra foram excelentes, porque os insumos estavam com valores menores e o milho já foi comercializado acima do que havia sido previsto pelo setor. “Agora, ficamos na expectativa de que seja mantido o valor para uma boa venda”, diz Pitton.
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Pela característica das propriedades da região, a prática é destinar a colheita para a produção de silagem. “Quem planta no cedo fica na expectativa de conseguir duas safras, usando a primeira para grão e a segunda, ou ambas, para silagem”, salienta o presidente sindical. Esse sistema costuma ser adotado, em especial, por quem tem criação de gado bovino leiteiro, que demanda grande quantidade de alimentação.
É o que faz Flávio Ruttjohann, de Alto Linha Santa Cruz, que planta 80 hectares de milho, em área arrendada, para garantir a nutrição dos animais. Divide a colheita, meio a meio, em grãos e silagem. Com 25 hectares já plantados, encara a dificuldade do aumento dos preços dos insumos. “Tornou-se um problema, porque mais do que duplicaram os valores”, lamenta. Também seria complicado ter que adquirir o grão, então ele vem aumentando a área destinada ao cereal e, neste ano, tem boas perspectivas. “O que já foi semeado tem apresentado um bom desenvolvimento”, afirma.
Enquanto a maior parte destina sua produção para a subsistência da propriedade, alguns ainda conseguem encaminhar a cooperativas, cerealistas ou fazem a venda para outros produtores. “Os que têm volume maior têm silos para armazenagem, mas boa parte ainda não tem essa estrutura, ficando à mercê de pragas”, conta Pitton.
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