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Economia

Alta do dólar: Bom negócio para quem?

Enquanto a indústria festeja a retomada do impulso nas exportações de tabaco neste início de ano, valorizadas pela alta do dólar, do outro lado da cadeia produtiva os fumicultores não têm muito o que comemorar. “Nesta safra, apesar do câmbio favorável, não há reflexo sobre os preços do fumo”, informa o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner.

O fato de os produtores não serem beneficiados pela alta do dólar, cotado a R$ 3,24 nessa sexta-feira, não é perversidade da indústria, mas uma lógica de mercado. O coordenador do curso de Economia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), professor Heron Begnis, explica que o mecanismo de transmissão de preço varia entre as culturas agrícolas. O produtor de soja, por exemplo, tem sua cultura valorizada pela alta do dólar. Nesse caso, as empresas têm de exportar mais para concorrer mais e, dessa forma, acabam repassando o valor ao agricultor.

Na fumicultura, entretanto, isso não acontece. Begnis explica que, apesar da grande produção de tabaco na Região Sul – a safra 2013/2014 totalizou 730 mil toneladas –, o número de compradores é mais restrito. “Os maiores ganhos não se refletem imediatamente para os produtores. Não existe nenhuma maldade ou vilão na história. É a estrutura do mercado que determina essa fluidez – ou falta de – na transmissão de preço”, esclarece.

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As dificuldades em obter lucro com a fumicultura fazem com que muitos produtores rurais fiquem desanimados. “Se eu soubesse que seria assim, não teria seguido na agricultura”, admite o produtor Humberto Weis, de 33 anos, que também é técnico agrícola e visitou a 15ª Expoagro Afubra esta semana. Para a safra 2014/2015, ele e a família cultivaram 45 mil pés de fumo em uma área de três hectares na localidade de Rio Pequeno, interior de Sinimbu.

O número é menor do que o da safra anterior e passará por nova redução na próxima. “Parar não podemos, porque é o que mais dá certo em uma pequena propriedade”, justifica. Além do fumo, a propriedade de Weis conta com a produção de leite e o cultivo de milho e soja. E é justamente com o cultivo da oleaginosa, que hoje acontece em uma área de três hectares, que ele tentará ter mais retorno. “Vamos dobrar ou triplicar”, planeja.

As entidades que atuam em defesa do fumicultor pretendem ir adiante e questionar as empresas sobre a possibilidade de os produtores serem beneficiados pela alta do dólar. “Vamos ter que nos movimentar e procurar apoio para que a gente tenha uma melhora na comercialização ou então vamos ter prejuízos, assim como o comércio em geral”, frisa o presidente da Afubra, Benício Werner.

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