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Alta constante do dólar fará pão subir novamente

Há duas semanas, a cotação do dólar disparou – a moeda norte-americana se valorizou frente ao real e ultrapassou a marca dos R$ 4,00. A alta é apontada por empresários e economistas como nociva para a economia brasileira, e essa valorização irá impactar a mesa dos consumidores. Pães e produtos importados tendem a subir nos supermercados caso o dólar não recue nos próximos dias.

Conforme o gerente da rede de supermercados Miller, de Santa Cruz do Sul, Fernando Appel, na virada do mês a empresa fará compras para renovar os estoques. Produtos sem glúten, temperos, condimentos e farinha terão preços reajustados. “O problema é que o dólar se mantém numa cotação mais alta e isso certamente será sentido nesta reposição”, justifica.

O impacto no preço do pão acaba sendo maior, pois ele está entre os produtos mais consumidos pelas famílias e, recentemente, sofreu reajuste. No fim de julho, a Gazeta do Sul listou três fatores que fizeram, naquela época, o preço desse item disparar nas padarias e bater na casa dos R$ 10,00 (preço médio do quilo do pão cacetinho). Há menos de um mês, os ingredientes daquele reajuste eram a quebra na safra, o custo do transporte (reajustado pela tabela do frete mínimo) e a alta do dólar. “A mudança na cobrança do transporte já foi absorvida. A interferência agora será do valor do dólar”, reforça Appel.

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Quatro razões para a oscilação

1. O novo plano econômico da Turquia afastou o investimento em dólar do mercado internacional. Conforme a economista Cíntia Agostini, mesmo tão longe do Brasil e com uma representatividade nula no mercado estrangeiro, ao repensar sua economia a Turquia estragou o câmbio do Brasil. Isto ocorre porque quando um país emergente cria novas regras econômicas, acaba espalhando um grau de incerteza para investidores internacionais, que deixam de aplicar dinheiro lá e no Brasil. Por isso o câmbio do dólar disparou aqui.

2. A guerra fiscal entre Estados Unidos e China também ajuda a afastar o investidor. As duas economias gigantes brigam entre si desde março e impõem, de parte a parte, restrições e aumento nas alíquotas dos produtos que vendem. Esta situação acaba valorizando a moeda norte-americana no mundo, fazendo com que as cotações fiquem altas.

3. Os Estados Unidos aumentaram a sua taxa de juros e, mesmo que ela remunere menos que a do Brasil, o mercado norte-americano é considerado mais seguro, por se tratar de uma economia forte. Esta ação também retira o investimento em dólares do Brasil – eles acabam indo para os Estados Unidos. Isto eleva o custo do câmbio nas operações nacionais.

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4. O quarto motivo é 100% nacional. O cenário eleitoral interfere diretamente no investimento internacional. A divulgação das pesquisas com o desempenho dos candidatos, explica a economista Cíntia Agostini, faz com que os dólares do exterior deixem de ingressar na nossa economia, por conta da incerteza sobre os rumos da eleição presidencial, pelo menos neste momento.

Saiba mais

O dólar está em alta desde o último dia 15, quando a cotação fechou em R$ 3,89. Seis dias depois, a moeda norte-americana fechou sendo negociada a R$ 4,03. Do dia 15 até essa sexta-feira, 24, o percentual de elevação do dólar foi de 5,4%.

Flutuação é prejudicial para quem exporta

Para quem fabrica no Brasil e vende seus produtos em dólar no exterior, a alta do câmbio pode ajudar a aumentar a rentabilidade do pedido no mercado internacional. Porém, o sobe-e-desce do valor da moeda atrapalha toda a organização da empresa e suas programações de caixa.

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Segundo o gerente de Comércio Exterior da Metalúrgica Mor, Caio Oziel Kohl, cada vez que o dólar se valoriza e, na semana seguinte, se desvaloriza, ocorre um problema para a empresa. “Assim como exportamos, nós importamos muito também. Quando ocorre esta oscilação fica difícil manter a previsão nas nossas tabelas e controles de fluxo”, explica.

Segundo o gerente, o ideal é que custo do dólar se mantenha estável, em um patamar de valor não muito alto. “Pode até ser na faixa dos R$ 4,00, desde que fique estável, sem mudanças bruscas”, complementa o gerente de Comércio Exterior.

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