Diferente do que já ocorre nos Estados Unidos e em diversos países da Europa, a redução ou mesmo a extinção das medidas de segurança para conter a Covid-19 ainda deve demorar para acontecer no Brasil. Isso porque, além do ritmo lento de imunização da população, as vacinas utilizadas no País têm menor eficiência, exigindo que uma porcentagem maior de pessoas seja imunizada para que as restrições possam ser aliviadas. A avaliação é da professora Melissa Markoski, que ministra a disciplina de biossegurança na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Ufcspa) e é especialista em imunologia.
“Se você tem uma cobertura vacinal de em torno de 70% para uma vacina de alta eficácia é uma coisa, você já pode começar a pensar em colocar as medidas preventivas em segundo plano porque a cobertura está protegendo a população”, disse Melissa em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9. Ao analisar o contexto brasileiro, contudo, ela salientou que a situação é diferente. “As vacinas mais aplicadas na nossa população até o momento são a Coronavac e a Covishield (AstraZeneca), então a nossa eficácia de vacinação é bem mais baixa em comparação aos Estados Unidos.”
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Melissa explicou que essa menor eficiência tem reflexo direto na cobertura vacinal, que precisa ser maior para que se obtenha o mesmo efeito prático. “Para a nossa população, 70% talvez ainda seja muito pouco, talvez tenhamos que atingir 80% ou 85%.”
Ela lembrou ainda que essas porcentagens se referem ao esquema vacinal completo. “A primeira dose não é suficiente para garantir a imunização. Hoje nós temos no Brasil 30% com primeira dose e beirando os 12% com a segunda. Então estamos ainda muito, muito longe de atingir a cobertura vacinal para que tenhamos uma população em sua maioria protegida e possamos abandonar as medidas preventivas”, afirmou.
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A especialista alertou que enquanto isso não ocorrer, a população não pode deixar de se prevenir, visto que os descuidos podem fazer a pandemia durar ainda mais tempo. Além de novas ondas, aumento das restrições e das hospitalizações, o surgimento de novas variantes mais transmissíveis é um risco.
“Nós estamos na iminência dessa variante Delta, que surgiu na Índia, então precisamos ter cuidado com isso também. Daqui a pouco, tem alta transmissibilidade e isso aumenta os casos de pessoas que vêm a falecer em decorrência da taxa de transmissão”, disse. Acrescentou que uma quantidade maior de casos está diretamente ligada a uma maior quantidade de mortos.
A importância da imunização
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Ao comentar sobre a importância da vacinação, Melissa Markoski relembrou que doenças como a hanseníase (lepra), peste bubônica, varíola e paralisia infantil, entre outras, foram combatidas e erradicadas pelas vacinas. “São doenças gravíssimas, e a a vacinação livrou a população de altas taxas de mortalidade nos séculos 20 e 21. Então nós precisamos ter fé, acreditar que as vacinas funcionam como elas sempre funcionaram, fazendo o seu papel de proteção”, ressaltou. A decisão de não se vacinar não é apenas individual, pois causa redução na cobertura vacinal da população como um todo e também acaba influenciando outras pessoas que têm dúvidas.
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