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Aliança, uma joia de família

Em abril de 1969, com apenas 18 anos, comprei um título da Aliança, luxo quase inalcançável, mas obrigatório para os jovens que gostavam das famosas boates e carnavais do clube com o ingresso grátis. Pagava-se uma joia no valor de 50 mensalidades, que atualmente seriam R$ 4.750,00, divididas em prestações mensais.

Esse Título Patrimonial seria uma espécie de indenização aos sócios antigos para poder usufruir das dependências construídas por eles no passado. Por exemplo, a joia dividida em até 10 parcelas e mais a mensalidade de R$ 95,00, hoje seriam R$ 570,00 nos primeiros dez meses.

Já me referi em outra coluna que a origem da Aliança teve uma ligação umbilical com a Igreja Católica. Até 1964, a denominação era Aliança Católica, sendo o pároco da comunidade o presidente de honra do clube. Até essa data, só os católicos tinham acesso à sociedade.

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Os carnavais de salão da Aliança foram famosos. Havia quatro noites para os adultos e mais dois bailes infantis, que terminavam às 18 horas, obedecendo ao horário das missas das 19 horas na Catedral.  

Com a vivência de 50 anos como associado e dirigente da Aliança, falo mais do meu clube, mas cada coirmão tem sua história importante na vida social, esportiva e cultural da sociedade santa-cruzense. Antigamente, esse convívio das famílias em torno dos clubes era intenso. As pessoas com mais posse eram associadas em vários clubes da cidade. 

O bolão era o esporte mais praticado em todas as entidades. Reunia centenas de atletas, que se dividiam em grupos masculinos, femininos e de casais. Além disso, ainda existiam as seleções, que disputavam os campeonatos estaduais e brasileiros.

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Na Aliança havia grupos todas as noites, menos sábados e domingos. Os ecônomos dos clubes adoravam os bolonistas. Nessas noitadas vendiam muitas caixas de cervejas, bebida preferida dos atletas. Nenhum deles era suspenso por jogarem “dopados” de cerveja, apesar de alguns enxergarem duas pistas na hora de arremessar a bola e fazer “banda” (bola fora da pista), .

O nosso armador, Gilberto Pereira da Silveira, era considerado o mais rápido e eficiente profissional entre todos os clubes da cidade, só superado pelas máquinas automáticas mais tarde instaladas no clube. Nunca falhou uma noite e jamais deixou os bolonistas na mão.

Alguns do grupo formavam animadas mesas para jogar canastra ou pife até por volta da meia-noite e sem as broncas das esposas, que sabiam a hora contumaz da volta.
 A rivalidade existia também no bolão. A seleção do Corinthians era quase imbatível. A Aliança era o seu grande oponente citadino. 

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