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Aliados impõem dura derrota ao governo Telmo

Uma instabilidade na base de apoio do prefeito Telmo Kirst (PP) veio à tona na sexta-feira, quando o Palacinho sofreu uma dura derrota na Câmara, imposta por dois vereadores aliados, Gerson Trevisan (PSDB) e Nasário Bohnen (DEM). Um projeto considerado estratégico pelo Executivo, que autorizava a venda do prédio do antigo Presídio Municipal, foi rejeitado pela segunda vez.

A intenção de Telmo era levar  o terreno onde fica a edificação, na Rua Marechal Floriano, a leilão. Embora mais de 20 imóveis já tenham sido colocados à venda pelo governo desde o ano passado, a área era tratada como prioridade devido ao seu valor, estimado em cerca de R$ 3,5 milhões. Os recursos seriam utilizados para turbinar a receita do município no momento de crise econômica. A medida, porém, foi muito criticada pela oposição, que alega que o Município não pode se desfazer do imóvel devido ao seu valor histórico e cultural.

O projeto havia sido rejeitado em agosto quando, por um desfalque na base governista, a oposição se viu em maioria no plenário. Nessa sexta, porém, a aprovação era dada como certa pelo governo. A surpresa veio no momento da votação, quando Bohnen e Trevisan, que não haviam se manifestado sobre o projeto durante a sessão, votaram contra, o que fez com que o placar ficasse em 9 a 7 .

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Pelo Regimento Interno, o governo só pode reapresentar um projeto rejeitado após três meses, ou se houver acordo entre todos os líderes de bancada, o que é improvável.

Voto foi resposta, alega tucano

Embora tenha feito críticas ao projeto, Gerson Trevisan admitiu que o seu voto foi também uma “resposta” ao tratamento que vem recebendo do Palacinho. “A justificativa do projeto era muito genérica, e acho que não podemos mais ficar vendendo prédios para tapar buracos orçamentários. Mas além disso, eu tenho encaminhado muitas demandas ao governo e não sou atendido. Acho que algumas coisas precisam ser melhor trabalhadas pelo governo”, criticou. Apesar disso, o tucano afirmou que essa é uma posição particular sua e não representa o partido. Também afirmou que isso não significa rompimento seu com o governo.

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Na prática, a insatisfação do PSDB com o governo não é de hoje. Muitos integrantes entendem que o partido, por ser um aliado antigo do PP e ter sido um dos primeiros a apoiar a candidatura de Telmo Kirst em 2012, merecia mais protagonismo na administração. Esse sentimento se aprofundou com as demissões de dois integrantes do PSDB do alto escalão: o ex-procurador-geral Oraci Garcia Rossoni e o ex-secretário da Educação João Miguel Wenzel – que, mais tarde, pediram desfiliação. As queixas aumentaram com a entrada do SD na base governista, em 2013, e com as notícias de que Telmo está trabalhando para atrair mais partidos. Internamente, alguns integrantes já vêm defendendo desde o ano passado que o partido se retire da coligação em março. Irritado com a derrota de sexta-feira, Telmo já teria ameaçado demitir todos os CCs do PSDB nesta semana. Os tucanos têm hoje dois vereadores, o suficiente para comprometer a maioria governista.

Já Nasário Bohnen (DEM) negou que seu voto seja uma retaliação e garantiu que nada muda na sua relação com o governo. Segundo ele, a posição se deu por não concordar com a venda do prédio histórico. “Creio que temos outros terrenos para vender. Esse é um prédio que tem um significado grande para o município”, disse. Nasário deixará o DEM em março.

“Fui apunhalado pelas costas”

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A derrota também irritou o líder de governo, Edmar Hermany (PP), que afirmou ao final da sessão ter sido “apunhalado pelas costas” e insinuou que o ato dos parlamentares tenha sido eleitoreiro. “O que estamos vendo é que a eleição já começou em Santa Cruz. No início da sessão, eles me garantiram que estava tudo tranquilo. Deveriam ter tido a hombridade de falar comigo. Estou tremendamente chateado”, disparou. Hermany lamentou ainda a rejeição do projeto. “Podem ter certeza que quem perdeu não foi o governo e sim a comunidade”, disse.

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