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Alexandre Garcia: Dengue e Covid

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Por que a dengue não tem o Ibope da Covid? Em dezembro de 2021, 172 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde, já haviam recebido duas doses da vacina experimental – 80% da população. Agora temos a dengue, uma dolorosa doença que já matou 4 mil brasileiros no mínimo e fez sofrer 6 milhões. Ainda podem ser atribuídas à dengue mais 3 mil mortes, elevando a perda a 7 mil vidas. Os números atuais são recordistas na história da dengue no Brasil. No entanto, ao que se sabe, importamos apenas 6 milhões de doses, o que dá para 3 milhões de brasileiros, ou menos de 1,5% da população.

Enquanto a dengue é nossa velha conhecida, a Covid chegou envolta em mistério e foi fácil gerar pânico. A dengue, de prevenção relativamente óbvia, e com vacina testada e pronta, parece não receber a atenção daqueles que já usaram de todos os meios para apavorar a população contra o vírus que seria proveniente de morcego.

O morcego assustou mais que o mosquito. O bom e velho fumacê expulsa o mosquito da dengue; mas se evaporou. As equipes de saúde que combatiam a febre amarela de casa em casa, sumiram. Campanhas sobre água parada em lixo, nos quintais e vasos de apartamento foram esquecidas. E a vacina foi comprada em quantidade insuficiente.

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A cada ano fica pior, basta olhar o gráfico de mortes, que vem subindo, inclusive no Distrito Federal, que é o campeão, vindo depois estados como Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. E diz o Índice de Progresso Social que Brasília é o melhor lugar do Brasil. Pelo jeito, também para o mosquito. Que progresso social é esse em que somos incapazes de impedir a perigosíssima dengue hemorrágica?

O pior é que a pouca vacina que está disponível não tem sido procurada, depois da frustração do experimento da Pfizer que, além de não ser eficaz na imunização e contágio, ainda vem com consequências que assustam. A vacina do Instituto Butantan contra a dengue, que está na última fase de teste, se mostra eficaz e segura, em dose única. Mas precisa completar neste mês os cinco anos de testes com 17 mil voluntários. Depois, esperar pela Anvisa e pela produção em massa. Só no ano que vem. Por enquanto, temos uma tetravalente aprovada na Indonésia, União Europeia e Anvisa, em duas doses.

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Então cabe a pergunta: por que tratamos a dengue com obsequioso recato, depois de termos sido capazes de apavorar as pessoas com o vírus Covid-19?? Ao se comparar a campanha no governo Bolsonaro e a discrição dengosa no governo Lula, parece evidente que, também nas epidemias, aplicam-se as diferenças de tratamento que temos observado no Judiciário. Não se trata de uma enfermidade desimportante. Os que tiveram dengue nos fazem relatos terríveis; a dengue hemorrágica é ainda pior. Mas não é justo para a população que ela seja usada por motivos políticos, em campanhas e em omissão de campanhas, que dependem de quem está no governo.

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