Há muito mérito em uma formação musical quando opta de forma consciente por ser elo de ligação. Pois a Lusco Fusco é assim. Nada poderia ter mais a ver com a banda do que isso, em sintonia com o significado do próprio nome, entre o dia e a noite, o claro e o escuro. E à frente dela está um santa-cruzense, Alexsandro de Souza, 35 anos, ou Alex Souza, para o meio artístico. Que hoje se divide entre sua terra natal e Florianópolis, onde está radicado há oito anos, ao lado da esposa, Elissandra Groff, natural de Gramado Xavier e que atua em relações públicas.
Alex nasceu no dia 17 de novembro de 1988, filho de Elpidio José de Souza e Teresinha Khüel. Tem quatro irmãs: Elisandra, Cristiane, Pâmela e Ariane, esta do segundo casamento do pai. Comenta que a música esteve presente em sua rotina desde sempre, uma vez que Elpídio se dedicava a essa área. Os santa-cruzenses lembrarão dele da dupla Elpídio e Régis.
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Alex cresceu nesse meio, acompanhando ensaios e apresentações. O primário e o fundamental fez na escola Bruno Agnes, no Bairro Schulz, e o médio completou na Ernesto Alves de Oliveira. Depois começou Engenharia Ambiental na Unisc, e passou a Publicidade & Propaganda, mas não os concluiu. O interesse pela música falaria mais alto.
O principal instrumento do pai era o teclado, e ele tinha o pé no samba e na MPB, mas Alex optou por aprender violão, de forma autodidata. Da companhia dos primos e colegas veio-lhe o gosto pelo heavy metal e hip-hop, ouvindo Planet Hemp, Marcelo D2 e especialmente Metallica, Ramones e Green Day, entre outros. Veio a fase das bandas de covers, que não saíram da garagem. Até ali, a música ainda era um hobby. Porém, veio o gosto por samba e MPB, e com ele as primeiras apresentações ao lado do pai.
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Até que chegou 2011, quando estava por volta dos 22 anos. Ao lado dos amigos Kim Porto (vocal e percussão), Diego Dettenborn (guitarra), Pepe Fontanari (baixo) e Gregory Bertó (bateria), idealizou uma banda. Fazia o vocal e tocava cavaquinho. Entre samba, rock e pop, questionavam-se sobre qual seria o gênero que os identificava. O nome Lusco Fusco (expressão presente no verso de uma das letras compostas por Pepe, Alma Crioula) os definia da melhor maneira possível. “Desde sua origem, a Lusco Fusco foi criada para resgatar a irreverência da malandragem da música negra, criada pela nossa mistura de etnias”, comenta. “Então, nossa música sempre foi o resultado dessa soma.” Em 2012 Kim deixou a banda, e logo Diego também, mas novos companheiros chegavam, eventualmente a convite.
E veio a decisão de Alex de se mudar de Santa Cruz para Florianópolis. Por lá, seguiu na dedicação integral à carreira musical, em formato solo, com violão e voz, e se apresenta em bares e restaurantes. Em paralelo, a Lusco Fusco ganhou uma versão catarinense, e segue também com agenda intensa. Ao lado dele atua outro artista santa-cruzense, João Marcelo Martin, o Jão. Pepe, quando está por lá, igualmente contribui. Duas a três vezes por ano Alex visita sua terra natal, e então é a vez de a Lusco Fusco se recompor por aqui, seja com os membros fixos (Alex, Jão e Pepe), seja com convidados. Em Florianópolis, costumam se apresentar como quarteto (de homens pretos, como enfatiza, novamente aludindo ao nome da banda).
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A caminhada resultou no EP Somos Todos Tibanos, com três canções autorais, em 2016. Em breve deve chegar outro, ao vivo, com cinco músicas, gravado na Boca de Sons. Alex enfatiza: “Sou extremamente realizado por tocar com uma formação de apenas homens negros. Se tem uma grande realização, dessas não palpáveis, que a vida artística nos proporciona, essa seria minha grande realização, por entender a necessidade e a força que isso tem, em tempos de tanta intolerância e tanto nazifacismo.”
Em outra parceria, gravou um single, Marisol, em parceria com Jonatan Pach. Eis Alex Souza, levando adiante a proposta da Lusco Fusco, valorizando o suingue, a malandragem, a mistura.
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