Esportes

Alex Keller se despede dos gramados no futebol amador regional

*Por Ari Resch, especial para o Portal Gaz

O fim de uma era. Tudo iniciou há 32 anos. Depois de rodar por times de várias cidades, Alexander Keller, 46 anos, vai dar um basta no futebol de campo em competições oficiais, onde deu os primeiros passos no gramado do Estádio da Serraria, com a camiseta do tradicional São José, onde levantou troféus diversas vezes. Após as finais da categoria aspirantes do Departamento de Monte Alverne, marcadas para os dias 3 e 17 de junho, somente irão encontrar Alex nas tradicionais “peladas” da categoria veteranos.

Alex Keller como é conhecido, defendeu as cores diversos times dos vales do Rio Pardo e Taquari, além de outras cidades. Na galeria são aproximadamente 75 títulos de campo 11, e outros tantos de Fut7, Futsal e Beach Soccer. Uma galeria com inúmeras troféus e medalhas e na trajetória desfilou pelos gramados ao lado de jogadores conhecidos como Pedro Henrique, Itaqui, Bolívar, e foi treinado na base por Mano Menezes.

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Confira a entrevista

Portal GazFale de seu início de carreira e da passagem pelo Guarani de Venâncio Aires, onde trabalhou com Mano Menezes na categoria de base.

Alex Keller – Naquela época, o brinquedo de um menino, era um carrinho ou uma bola, e quem tinha um poder aquisitivo maior, tinha um vídeo game, onde eu morada, em Monte Alverne, eram três ou quatro meninos…então a diversão, era jogar futebol, casa dos meus pais fica a duas quadras do estádio da serraria, então não era difícil o acesso, normalmente estudava pela manhã, e à tarde, até anoitecer, ficávamos jogando futebol no campo, e assim dia após dia. O tempo foi passando, e naturalmente as coisas foram acontecendo, chegou ao tempo das escolinhas, em seguida aspirantes e depois no time principal, e rodando por várias outras comunidades, e nesse meio tempo uma passagem pelo Guarani de Venâncio Aires, e, para mim, esse período, foi o principal de todos, foi onde amadureci como jogador, criei casca, aprendi a base de tudo, aperfeiçoei fundamentos, e muito pela competência do então técnico Mano Menezes, joguei nas três categorias, e nesse período tive oportunidade de conviver e enfrentar jogadores que fizeram ou ainda fazem sucesso, como colega goleiro Rogério Godoy (Hoje preparador de goleiros Palmeiras), Itaqui (ex Grêmio) e Fabian Bolívar, enfrentei Lúcio e Ronaldinho Gaúcho (ambos pentacampeões mundiais), Washington (Coração Valente), entre outros.

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Portal GazCoincidência ou foi programado, para deixar os campeonatos pelo São José.

Alex Keller – Posso dizer que foi programado neste último ano mesmo, de minha parte, pois como todo ano jogo no São José, essa coincidência seria inevitável, e como falei para alguns amigos, nada mais justo terminar onde tudo começou, no aspirante do São José.

Portal GazAlex está deixando o futebol, somente em competições oficiais? Quais são os motivos.

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Alex Keller – Sim, e o principal motivo a ser levado em conta é a idade. Hoje devido, principalmente, a evolução física no futebol, cada vez mais, a idade faz diferença, e no meu ponto de vista, é única e exclusivamente onde a força se sobressai a qualidade, e aliado a idade avançada, eu em particular sempre sofri com dores, e a cada jogo mais intenso posso dizer que sofro muito mais com isso, então mais que ninguém, eu sei que chegou a minha hora de parar.

Portal GazDos mais de 60 times que tu defendeste. Qual o clube que mais te marcou?

Alex Keller – Esse tema é muito complicado, até porque por onde passei, a escolha de jogar no time A, B ou C foi minha, e porque eu desejei jogar nesse time. Posso dizer que o principal de tudo, é que por onde passei, deixei muitos amigos, e quando retorno a algum local que joguei, sou sempre muito bem recebido e relembramos o passado com os amigos deixados. Vou citar quatro times, que talvez sejam os quais mais tempo joguei e com certeza tive minhas principais conquistas:

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São José de Monte Alverne, por ser meu time do coração e onde mais tempo joguei. O Juventude de Vila Arlindo, esse é o clube onde poderia dizer que o Alex Keller ganhou mais visibilidade no futebol amador da região. Clube Vera Cruz, esse time em especial pelo nosso grande amigo Gucho, que nos deixou tragicamente há alguns anos. Por causa dele acabei jogando em diversos outros clubes de Vera Cruz por onde ele era o responsável pelo futebol, e por fim o Linha Santa Cruz, clube hoje que é minha casa, que últimos anos obtive as minhas maiores conquistas, e onde ainda poderão acompanhar o Alex Keller jogando uma bola, nos veteranos.

Alex Keller foi campeão pelo São José nos titulares em 2022
Foto: Rosilene Müller

Portal GazQual foi a conquista que mais alegria deu.

Alex Keller – Foram vários, situações, cada conquista tem uma história ou um fato que as tornam especiais, desde o campeonato mais simples, até as conquistas mais expressiva. Mas com certeza os dois Regionais da Aslivata e três do Vale do Rio Pardo, são os mais expressivos, no que diz respeito a grandeza das competições.

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Mas quero ressaltar o último Monte Alverne conquistado em 2022 com os aspirantes do São José, onde fiz um pedido na semifinal para meus colegas me ajudarem a quem sabe chegar a minha última decisão e, talvez, meu último título, e acabou que na final, no jogo derradeiro, na casa do adversário, após um revés inicial de 2 a 0, conseguimos virar o jogo em 3 a 2, com um gol no final, feito por mim, e que garantiu o título, foi a primeira vez que fui as lágrimas dentro de campo, e também ali, naquele momento percebi que o fim estava mais perto do que imaginava, pois, a dificuldade de se manter competitivo estava maior do que eu poderia suportar, então para mim esse sem dúvida foi o mais marcante.

Portal GazChegou a receber convite para jogar num clube profissional?

Alex Keller – Não. Mas cheguei a compor e jogar pelo Guarani de Venâncio Aires, no plantel profissional, mas como, integrante da equipe dos juniores, ano em que tanto Guarani e FC Santa Cruz subiram para a elite do futebol gaúcho (ano da parceria do Galo). Quando estava no Juventude de Vila Arlindo, nos bons tempos de regional da Aslivata, a imprensa escrita e falada de Venâncio cobravam muito dirigentes do Guarani de Venâncio Aires, para que me levassem a jogar no profissional, inclusive esta cobrança para voltar ao Guarani era direcionada de uma certa forma para mim, porém se foi a decisão correta ou não, jamais saberemos, mas eu optei por não arriscar renunciar a um bom trabalho e tentar a “sorte” em uma equipe de futebol profissional.

Alex acumulou diversos troféus e medalhas
Foto: Arquivo Pessoal

Portal GazDo primeiro título, tem algum jogador ainda em atividade.

Alex Keller – O primeiro título veio nas categorias iniciais, em Venâncio Aires, o ano não me recordo ao certo, mas foi no início dos anos 1990. Na ocasião joguei pelo Santa Tecla, dei a sorte de fazer o gol do título, acabei sendo escolhido craque da competição, e com isso surgiram boatos de que teria um “olheiro” de Venâncio interessado em me levar ao Internacional para fazer testes. Nesta final tive o prazer de conhecer um amigo, que jogou contra, pela equipe do Cruzeiro, um amigo que admiro e respeito muito, Cristiano Flores de Medeiros, conhecido como Medeiros, e por ironia do destino, ambos em final de carreira, vamos nos enfrentar nesta final de Monte Alverne pelos Aspirantes, eu pelo São José e ele pelo Aliança, e depois, como fazemos parte do veterano do Linha Santa Cruz, continuaremos jogando juntos nos finais de semana, até sabe-se lá quando.

Portal GazFaça uma comparação do futebol amador atual com o passado?

Alex Keller – Assim como no profissional, o futebol amador também mudou, e bastante, e pode-se dizer em todos os sentidos, começando pela estrutura dos clubes, hoje, comparando com o profissional, estão aí as arenas modernas, gramados que mais parecem tapetes, e no amador também melhorou, são poucos os times que pararam no tempo em relação a isso. Outros detalhes como bolas, fardamentos, chuteiras, tudo é melhor, material de primeira qualidade, então para o principal de tudo, que é a arte do futebol jogado, diria que facilitou nesse sentido.

Agora a questão de como era o estilo do jogo de antigamente para agora, a mudança é grandiosa, o futebol era muito mais técnico, não tão intenso, jogador “meia boca” não jogava, tinha que ter qualidade, senão, não tinha lugar. Já hoje não, o jogo é muito físico, até jogadores comuns, conseguem anular jogadores de qualidade, devido a sua força e condicionamento físico. Resumindo, diria que o futebol das antigas era mais elegante, hoje mais intenso.

Portal GazForam mais de 60 times, 75 títulos faltou uma conquista ou lamenta uma perda.

Alex Keller – Não faltou nada, jamais reclamaria de algo, o “Velhinho” lá de cima foi muito generoso comigo, rodei por muitos lugares, fiz amizades, fiz parte de histórias boas e certamente inesquecíveis para mim e para muitas outras pessoas que tive o prazer conviver. Posso afirmar também que este “vício” me deu um dos meus maiores bens que alguém pode ter, um número infindável de amigos, de vários locais diferentes, o qual quero dividir com todos, sem nenhuma restrição, e dizer que eu jamais seria esta pessoa que sou hoje, sem eles, só gratidão a todos. Pena que a parte das competições terminou, mas valeu a pena todos os momentos vividos fazendo o que eu mais gostei de fazer sempre na minha vida: jogar futebol. Não importava como, o importante era jogar.

Portal GazQual a mensagem que você deixaria para os garotos que sonham em ser profissional.

Alex Keller – Que nunca desistam de nada, apesar das dificuldades, faça de tudo para chegar ao seu objetivo, não se lamente mais tarde por não ter tentado, e sim agradeça o esforço que fez para alcançar, mesmo que não tenha o êxito esperado e aproveite ao máximo cada momento, pois ele é único, e não volta nunca mais.

Alex Keller levantou taça pelo Linha Santa Cruz
Foto: Reprodução

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João Caramez

Em 2010, aceitei o convite para atuar como repórter estagiário no Portal Gaz, da Gazeta Grupo de Comunicações. Era o período de expansão do site, criado em 2009, que tornou-se referência em jornalismo online no Vale do Rio Pardo. Em 2012, no ano da formatura na graduação pela Unisc, passei a integrar a equipe do jornal impresso, a Gazeta do Sul, veículo tradicional de abrangência regional fundado em 1945. Com a necessidade de versatilidade para o exercício do jornalismo multimídia, adquiri competências em reportagem, edição, diagramação e fotografia para a produção de conteúdo em texto, áudio e vídeo. Entre as funções, fui editor de País/Mundo e repórter de Geral. Atualmente, sou repórter de Esporte e produzo conteúdo para o site Portal Gaz e jornal Gazeta do Sul. Integro a mesa de debatedores do programa 'Deixa Que Eu Chuto', da Rádio Gazeta FM 107,9, desde 2018. Em 2021, concluí uma pós-graduação em Gestão Estratégica de Negócios pela Ulbra.

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João Caramez

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