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Ainda a casa da Uesc

Semanas atrás, a Gazeta publicou uma matéria sobre a Casa da Uesc em Porto Alegre. Matéria muito bem feita pelo competente Iuri Fardin. Achei por bem acrescentar mais algumas coisas. No início dos anos 1960, a criação de escolas de ensino superior engatinhava. O Curso de Direito ainda não existia em Santa Cruz.

Eu estava no 2° ano do científico do Colégio Mauá. Aconteceu que meu pai teve que fechar o comércio pelo advento dos supermercados e eu, para aliviar uma boca em casa, decidi me mexer para sobreviver.
Também entendi que não teria chance no vestibular da Ufrgs em Porto Alegre se ficasse inerte. Decidi me matricular no Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, no terceiro ano do Clássico. Não havia esse curso em Santa Cruz.

Relembre-se que cada Faculdade da Ufrgs tinha seu vestibular próprio. No Direito as matérias versavam sobre Latim, Filosofia, Francês ou Inglês, enfim as humanas. Nada a ver com as exatas. Graças à casa da Uesc, pude ter um lugar onde morar. De dia trabalhava numa firma e à noite ia a pé ao Colégio. Passava os fins de semana estudando.

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A pior parte eram os sábados e os domingos. Nesses dois dias o Restaurante Universitário (RU) fechava. Nos dias de semana, havia almoço e janta gratuitos para quem fosse aluno da Ufrgs. Pegava-se uma travessa de metal e se dirigia ao local onde era servida a comida. Muitas vezes guardei o pãozinho para servir de lanche mais tarde.

No domingo, a solução era tentar “filar” um almoço na casa do meu tio Huberto Gessinger, falecido pai do Humberto dos Engenheiros do Hawaii. Na casa não havia, no meu tempo, televisão. A solução era ficar escutando o radinho Spica.

O leite era adquirido nalguma casa comercial ou na padaria. Comprava-se uma garrafa de vidro de um litro. Quando terminava o leite, lavava-se a garrafa que se entregava para um funcionário. Com isso se comprava outra garrafa cheia. Quase sempre se formavam filas para comprar leite e pão.

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Para não passar fome, várias vezes comprava um pão francês bem grande e no interior colocava banana amassada. Para visitar meus pais, muitas vezes pegava carona com o falecido sr. Piccinin, que era vizinho dos meus pais.

Havia muita amizade e harmonia na casa. Sou grato até hoje por terem me acolhido. Tenho saudade dos queridos camaradas. Fui aprovado no vestibular de Direito da Ufrgs. Em seguida, aos 22 anos, assumi um cargo público em concurso e então me retirei da casa para deixar a vaga para quem necessitasse. Não fosse a bendita Casa, as coisas teriam sido muito complicadas.

VEJA MAIS TEXTOS DO COLUNISTA RUY GESSINGER

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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