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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Água de qualidade também depende da preservação da vegetação

Árvores protegem o solo nas encostas e atuam como barreira física contra rejeitos

Com os dias de calor, nada melhor que sombra e água fresca. Mas essa relação vai muito além de mero conforto. Para ter água boa e de qualidade, é imprescindível preservar as árvores junto aos córregos e rios. Segundo o gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, Juarez Iensen Pedroso Filho, a presença de árvores garante a proteção do solo e evita a degradação das encostas. “Por isso, as árvores junto aos recursos hídricos auxiliam para manter a qualidade da água”, afirma.

A vegetação nativa, de modo geral, também auxilia como uma grande “esponja” e desempenha papel fundamental no regime de chuvas e no efeito das águas pluviais sobre o solo. “Poeira, detritos, desejos, esgotos e outros rejeitos acabam retidos na vegetação, seja aérea ou abaixo do solo, como uma barreira física. De imediato já auxilia na contenção de possíveis contaminantes dos mananciais hídricos de uma bacia hidrográfica, por exemplo”, cita. Melhorias nas condições físicas e biológicas do solo favorecem a infiltração da água e, consequentemente, promovem uma “filtragem” das águas das chuvas e uma “recarga” do lençol freático.

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As árvores também auxiliam de forma considerável na redução da poluição do ar. “Essa é uma das razões de elas serem tão importantes no ambiente urbano. As estruturas em suas folhas ajudam na remoção de dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e monóxido de carbono do ar”, explica Juarez. A inexistência desse “trabalho” pode resultar em problemas de saúde nas pessoas, como os de ordem respiratória e dores de cabeça, dentre outros relacionados à concentração destes gases. “Portanto áreas arborizadas são remédios extremamente eficientes para mitigar os efeitos da grande concentração de veículos.”

Programa aposta em ações para proteger as nascentes
Importante elemento ambiental que ajuda a evitar a degradação e erosão do solo nas margens dos cursos d’água, a mata ciliar é uma formação vegetal que funciona como uma espécie de escudo, evitando o assoreamento e desmoronamento de encostas e proporcionando a retenção dos resíduos que poluem córregos, lagos e represas.

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Com o objetivo de proteger as nascentes e recuperar a vegetação ao redor delas, a Prefeitura de Sinimbu iniciou em 2018 o programa Berço das Águas. “A inexistência de matas ciliares ao redor das nascentes vai ocasionando a perda da capacidade de infiltração das águas das chuvas, diminuindo o abastecimento do lençol freático e a consequente redução da disponibilidade de água. Nossa intenção com o programa é promover o uso sustentável da água e do solo por meio de ações técnicas conservacionistas como adubação, reflorestamento e plantio direto”, ressalta a bióloga da Prefeitura e doutora em Ciências, Caroline Cabreira Gagliari.

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Conforme o gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, Juarez Filho, é de extrema importância proteger as nascentes. “A nascente é onde tudo começa. Portanto, é fundamental preservar sua capacidade de recarga através da água da chuva, sua bacia de captação e não contaminá-la com resíduos que podem comprometer a qualidade.” Segundo Caroline Gagliari, pelas características do município, Sinimbu é naturalmente um berço de águas para a região. “Nesse sentido, a manutenção da vegetação e recuperação da mesma em locais onde há degradação é fundamental a curto e a médio prazo. Só assim podemos conseguir uma água de qualidade e disponível para uso.”

Questão de economia
Desde 2011, a Prefeitura de Vera Cruz promove uma verdadeira força-tarefa em prol da melhora na qualidade da água. Iniciado como um projeto, o programa Protetor das Águas foi consolidado como política pública municipal em 2012 e, desde então, apresenta resultados consideráveis na melhora da prestação do serviço. Dentre as ações de destaque, está o Pagamento por Serviço Ambiental (PSA), pelo qual cerca de 70 produtores recebem anualmente R$ 325,00 por hectare mais R$ 200,00 por adesão para preservarem áreas ambientais dentro das suas propriedades, além de receberem a isenção na tarifa de água. Também é promovido o monitoramento em 20 pontos de desenvolvimento do projeto e que vão desde a nascente até a captação de água.

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Utilizando a resolução no 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 2005, que estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes mediante uma classificação de quatro classes, se constatou uma melhora significativa na qualidade da água. “Em 2012 tínhamos cerca de 60% dos 20 pontos de desenvolvimento dentro das classes 3 e 4, as piores da classificação do Conama. No final de 2017 conseguimos chegar a 89% de classes 1 e 2, em dados confirmados e analisados pela Unisc, que é a executora técnica do programa”, explicou o secretário municipal de Obras, Saneamento, Trânsito, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Gilson Becker.

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Segundo ele, o trabalho resultou em uma economia significativa com o tratamento da água em Vera Cruz, que é municipalizada. “Essa melhora na qualidade nos possibilitou substituir dois produtos químicos utilizados na floculação, o sulfato de alumínio e o carbonato de sódio, por um, o policloreto de alumínio, o que proporcionou uma economia de 60% no custo com produto químico”, afirmou o secretário. De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Finanças de Vera Cruz, em 2015 se gastava R$ 317 mil com produtos químicos. Em 2016, o valor caiu para R$ 138 mil.

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