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IDEIAS E BATE-PAPO

Agruras da idade

“Envelhecer não é uma escolha” é o título de crônica do médico e escritor J. J. Camargo, publicada no caderno “Vida” do jornal Zero Hora do último final de semana. Ao longo do texto – como sempre brilhante, oportuno e atual –, ele discorre sobre as agruras da “melhor idade”, expressão que ele considera “uma brincadeira de mau gosto”. Concordo plenamente. Considero isso fruto da criatividade de marqueteiros contratados por laboratórios e farmácias que proliferam feito baratas Brasil afora. É inacreditável a quantidade de estabelecimentos do gênero em nosso Estado, por exemplo.

A certa altura do texto, o cronista lista um conjunto de seis conselhos úteis para serem aplicados em ocasiões sociais, especialmente reuniões com “jovens há mais tempo”. Entre as dicas consta, por exemplo, a de não sentar em sofás macios porque a dificuldade ao levantar pode gerar situações cômicas. Ou ridículas. “Preserve em segredo quantos embalos você precisa para ficar de pé”, aconselha J. J. Camargo.

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Aos 64 anos, confesso ser cada vez mais seletivo em relação a convites que recebo para sair de casa. O evento, para receber a confirmação da minha presença, precisa atender a algumas exigências básicas, como iniciar e terminar cedo. O local deve ter móveis confortáveis para sentar, bem como ter à disposição vários banheiros, de preferência que não fiquem distantes ou em andares superiores. Além disso, convém que, em caso de haver música – ao vivo ou eletrônica –, seja tocada em volume civilizado. Passar a noite aos berros, e mesmo assim não ser compreendido, nem ouvir os amigos em conversas triviais, causa esgotamento com consequência no dia seguinte.

A questão dos banheiros é fundamental. Recentemente, visitei meu filho em Brasília. Logo na primeira noite, fomos a um bar que tinha música ao vivo, em volume agradável, porque era com voz e violão. A carta de bebidas oferecia cerveja artesanal de boa qualidade, mas, quando precisei “fazer lugar para mais bebida”, começaram os problemas. Os banheiros do boteco – que estava lotado; afinal, era sexta-feira – se localizavam no primeiro andar. Para piorar a situação, um deles estava interditado, provocando uma fila enorme.

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Sobre a frequência de ir ao banheiro, os homens sabem muito bem: até a primeira ida ao toalete, tudo são flores e está sob controle. A partir daí, porém, a frequência só aumenta, causando um certo constrangimento. O problema, como sempre digo, “é o episódio que dá origem à série”. Depois da primeira vez, ocorrem romarias ao banheiro que causam irritação e ausências frequentes à mesa com amigos. Só os mais velhos compreendem o “fenômeno” que está acontecendo.

Envelhecer tem suas belezas, mas, cá entre nós: muitas vezes incomoda uma barbaridade!

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