O Conecta Expoagro Afubra – Especial online, ligando o campo e a cidade, promovido pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), teve continuidade nessa quinta-feira, 18, com o webinar Os desafios e oportunidades do agronegócio.
Os convidados foram o diretor-presidente da Agro-Comercial Afubra, Romeu Schneider; o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville; o presidente do Sistema Farsul (Farsul/Senar/Casa Rural), Gedeão Pereira; e o professor da USP e FGV, Marcos Fava Neves.
Schneider descreveu a criação da Afubra, com a missão de trabalhar com a diversificação. Segundo ele, a preocupação com a sobrevivência dos produtores de tabaco era o foco, com apoio às culturas de subsistência por meio do Departamento de Fomento Agropecuário, ainda em 1950, e o surgimento de sementes certificadas, defensivos agrícolas e insumos modernos.
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“A Afubra passou a oferecer orientação técnica, e os produtores tiveram resultados cada vez melhores. O trabalho de desenvolver culturas paralelas ao tabaco se intensificou a partir da década de 1970”, comentou. Schneider também salientou parcerias com instituições e vários trabalhos de pesquisa, como os que acontecem nas instalações do parque da Expoagro, em Rio Pardo.
“Temos eficiência da porteira para dentro, mas muitos desafios a superar da porteira para fora”, salientou. Ele também revelou que a unidade de grãos está praticamente concluída no parque, com capacidade para 502 mil sacas e investimento de R$ 24 milhões.
Por sua vez, Capdeville ressaltou o papel do agronegócio na redução do impacto econômico durante a pandemia. Ele falou sobre a importância das pesquisa voltada ao melhor uso do solo e à sustentabilidade no processo produtivo. “Quais inovações pode-se trazer ao agronegócio para vencer os desafios impostos? A tecnologia da informação e automação pode ajudar, principalmente no período da pandemia. Os estudos desenvolvem soluções para que possamos avançar no sistema produtivo”, sublinhou.
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A Embrapa realiza diversas parcerias para que os setores recebam selos de sustentabilidade na produção e comercialização de alimentos. “Precisamos agregar valores, abrir um leque maior de oportunidades e ampliar a perspectiva dos produtores, com maior escala na geração de renda. A Embrapa apoia políticas públicas também, com estudos e mapeamentos. É uma instituição pública, mantida pelos impostos da população”, frisou.
De acordo com Gedeão Pereira, o Rio Grande do Sul contribui com o agronegócio brasileiro de forma direta, pelo desenvolvimento do modelo produtivo na Região Sul e expansão para as demais regiões. Como diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Pereira tem viajado e participado de conferências virtuais para expor a força desse setor para o resto do mundo.
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“Ouvi do embaixador chinês Yang Waniming que o Brasil é uma potência mundial no agronegócio e que a China precisa de um parceiro confiável, com quantidade e qualidade de produtos. Também ouvi do Todd Chapman, embaixador norte-americano, que disse as mesmas palavras”, ressaltou.
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Segundo Pereira, a Europa sentiu-se acossada porque o agricultor do continente enfrenta dificuldades para ser competitivo sem subsídios governamentais. “O Brasil cresceu no agro. Vimos claramente que o País recebeu ironias e foi vítima de fogo cruzado, principalmente por causa das queimadas na Amazônia. Enfrentamos a desinformação, muitas vezes formatada pelos próprios brasileiros por questões ideológicas”, argumentou.
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Para exemplificar, ele disse que os agricultores tornaram-se protagonistas no cenário econômico, já que o Brasil precisava importar boa parte da alimentação nas últimas décadas do século 20. “O mundo não ficou desabastecido durante a pandemia. Todos vieram socorrer-se no agronegócio brasileiro. Os preços dispararam nas cotações do comércio internacional.”
Pereira aproveitou para comentar sobre a cultura do tabaco. “Ela é responsável por US$ 1,770 bilhão do que sai no Porto de Rio Grande. As exportações de tabaco representam 15% do agro gaúcho. É uma atividade fundamental na economia, que segue todos os cuidados inerentes ao meio ambiente. São 126 mil hectares e 73 mil famílias que vivem da atividade.”
Pereira ainda citou o déficit de 4 milhões de toneladas de milho, que prejudica a produção de aves e suínos pela falta de ração. Com Santa Catarina, o déficit chega a 9 toneladas. “Temos que fazer o Rio Grande do Sul produzir duas safras de milho. Estamos desenvolvendo programas para aumentar a produção de milho no inverno. A Embrapa está prestando apoio com as informações técnicas. E queremos aliar isso com a pecuária, que também pode ser beneficiada. Temos que ampliar o volume de gado por hectare.”
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Segundo Pereira, a quebra na safra de soja com a estiagem do último ano chegou a 40%. Um entrave, para ele, é a estagnação dos projetos de irrigação por causa da burocracia que envolve as licenças ambientais.
Marcos Fava Neves dividiu sua fala em quatro tópicos. No cenário político e econômico, ele comentou que havia expectativa de melhora em dezembro de 2020, com previsão de crescimento em 3,5%. Porém, em março, com a piora da pandemia e a instabilidade política – com o retorno do ex-presidente Lula ao cenário e a intensificação da polarização na sociedade –, temas relevantes, como a vacinação, reformas estruturantes e privatizações, tiveram as atenções divididas.
“A taxa Selic já subiu, o câmbio está desvalorizado e a inflação está de volta. A confiança nas reformas caiu, e a alta absurda do petróleo atrapalha a questão dos custos”, comentou. Para ele, a maior velocidade da vacinação será benéfica para o Brasil deixar a crise sanitária ainda neste ano.
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Para o agronegócio mundial, Neves acredita em boas notícias. Com o crescimento da China e Estados Unidos, e o preço das commodities alimentares em alta, o Brasil passa a ter relevância no aumento da demanda. Os receios são quanto aos estoques e condições climáticas no período de segunda safra.
“Nos últimos dez anos, o consumo de grãos aumentou 40 milhões de toneladas por ano, em média. No último ano, foram 52 milhões de toneladas. É metade do que o Brasil produz de milho. O cenário internacional deve manter-se com o crescimento populacional nos centros urbanos. O biocombustível é outra boa aposta, já que o interesse aumentou em diversos países”, ressaltou.
Como assistir
A transmissão ocorrerá pela página da Afubra no Facebook e no canal no YouTube, sempre entre 14 e 16 horas. Quem não puder acompanhar as lives ao vivo terá a opção de conferir o material em outra oportunidade, já que a gravação ficará disponível no YouTube.
Dia 19, sexta, das 14 às 16 horas
Webinar: Agricultura familiar: diversificação, produção e renda
Convidados:
Tesoureiro da Afubra, Marcílio Drescher,
Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala Gomez del Campo,
Presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri;
Secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke;
Produtor rural Giovane Weber
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