O avanço dos prazos contratuais para a realização das obras de duplicação da RSC-287 tem mobilizado comunidades lindeiras. Recentemente, Venâncio Aires realizou encontro para apontar a preocupação dos moradores que residem em um lado da via e têm propriedade do outro. Na noite da última quinta-feira, foi a vez da comunidade de Candelária.
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Organizada pela Câmara de Vereadores, Prefeitura, Associação do Comércio e Indústria de Candelária (Acic), Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Sindicato Rural, a audiência pública reuniu moradores das zonas urbana e rural, em especial das localidades de Linha Facão e Vila Botucaraí. Eles tiveram a oportunidade de falar para o diretor-geral da concessionária Rota de Santa Maria e para o representante da Secretaria Estadual dos Transportes, Ricardo Vuaden.
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A preocupação dos candelarienses é semelhante à dos moradores de Venâncio. Quando foi instalada, na década de 1970, a rodovia cortou muitas propriedades, fazendo com que a moradia ficasse em um lado e a lavoura do outro. Com a duplicação, a passagem dos agricultores familiares, especialmente com maquinários, será prejudicada.
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Eles terão, de acordo com as normas de trânsito, de buscar o retorno mais próximo, o que pode significar alguns quilômetros, já que as propriedades são pequenas. Para minimizar essa consequência, duas reuniões preparatórias foram realizadas nas localidades mais atingidas. E a partir delas, foi elaborado um plano com intervenções além das que estão planejadas pela Rota de Santa Maria, de acordo com as exigências contratuais.
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O assessor jurídico do Município, Paulo Roberto Butzge, apresentou a proposta, que contempla passagens subterrâneas e passarelas. Justifica a sugestão com base em números. “No trecho de 24 quilômetros, entre Vale do Sol e Novo Cabrais, são 300 propriedades rurais, tendo 186 tratores, 40 colheitadeiras e cinco passagens para animais”, cita. Além disso, ressalta uma peculiaridade do município: todos os produtores rurais têm áreas dos dois lados.
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Essa situação pode fazer com que muitos produtores abandonem o trabalho na agricultura. A afirmativa é de Rui Kohl, morador de Linha Facão. Ele falou em nome de seus vizinhos e disse que, diariamente, passam várias vezes pela rodovia. Se tiverem que ir com seus equipamentos mais alguns quilômetros, a produção ficará inviável. “A gente não teve o direito de opinar antes. Só agora, e porque estamos propondo. É preciso pensar nos pequenos produtores. Além disso, a nossa comunidade tem vida própria, tem comércio, capela mortuária. Como ficará?”, questiona.
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Centralização de demandas nas prefeituras
O diretor da Rota de Santa Maria, Renato Bortoletti, reforçou a importância de Candelária dentro do mapa da concessão. O município tem cerca de 24 quilômetros da 287, o que supera 10% do trecho concedido, que compreende 204,5 quilômetros. “A produtividade da região é fundamental para a concessão. É importante garantir o escoamento da produção”, afirma.
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Ele apresentou o cronograma contratualizado com o Estado e disse que, a partir do segundo ano de administração da via, que se inicia em setembro, já devem começar intervenções mais contundentes, inclusive o princípio da fase inicial da duplicação. Mostrou o projeto e de que forma Candelária é contemplada – não considerando passagens subterrâneas, como querem os produtores. Esse tipo de obra está previsto para o acesso a Taquari; no encontro das rodovias 471 e 287, em Santa Cruz do Sul; em Venâncio Aires e no acesso de Cachoeira do Sul.
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Bortoletti não descartou nenhuma alteração no projeto, que deve passar ainda pelo aval final do concedente. No entanto, alertou que qualquer alteração que signifique aumento de custos deve impactar no valor da tarifa, que é o balizador para a aplicação de recursos durante os 30 anos de contrato.
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Reforçou que todas as sugestões – tanto as já apresentadas pelos moradores, que tratam sobre a área rural, quanto as da zona urbana – devem ser repassadas para a administração municipal, que se encarregará de entregar à empresa e ao Estado. Logo, os municípios devem ser oficiados de uma data-limite para apresentarem as suas propostas, para que possam ser incluídas no texto final. Esse prazo ainda não foi definido.
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Favoráveis à duplicação
Nenhum dos proponentes da audiência pública e nem os moradores demonstraram contrariedade à duplicação. Entendem ser necessária e fundamental, pois percebem diariamente o esgotamento da via como está atualmente. Enfatizam, porém, que é preciso atentar às reivindicações locais para que não sejam prejudicados e para que seja garantida a segurança na via, tanto dos agricultores que passarão quanto dos motoristas que usam a 287.
“Realizar essa obra é um sonho da comunidade, que luta pela duplicação, mas tem que ser duplicado com equilíbrio, com soluções de trafegabilidade para quem está produzindo”, frisou o presidente da Câmara, Alan Wagner. Posição também defendida pelo prefeito Nestor Ellwanger. “Vai trazer benefícios para quem transporta produtos ou usa a rodovia para lazer, mas pode trazer amargos transtornos a quem mora às margens”, apontou.
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