Com a publicação concluída no último fim de semana, a série O sequestro – 30 anos contou em quatro reportagens e um podcast os detalhes sobre o caso de rapto do estudante Alexandre de Paula Dias, o Zambinha, ocorrido em 3 de maio de 1994. Personagens históricos que participaram da ocorrência relembraram o fato e revelaram bastidores até então inéditos. Também, pela primeira vez, a vítima concedeu uma entrevista e abriu o jogo.
Entretanto, ao longo da publicação, as matérias instigaram a falar sobre o caso outras figuras importantes que, de alguma forma, conheceram os personagens ou tiveram suas vidas marcadas pela ocorrência. É o caso do agricultor Marcondes Joel Zuge, de 43 anos, morador de Rincão da Figueira, interior de Novo Cabrais. Em contato com a Gazeta, ele contou que foi na lavoura de seu pai que Zambinha foi jogado, após ser dado como morto pelos sequestradores.
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“Na época, eu tinha 13 anos e meu pai plantava em uma área de terra do ladinho onde ele foi encontrado. Um rapaz que tinha deficiência ficou ali enquanto meu pai buscou ajuda”, revelou Marcondes. Zambinha tinha 21 anos e foi jogado às margens da BR-153. Na época, a área, perto do famoso Parque Witeck, pertencia a Cachoeira do Sul. Mas em 1995 passou a ser de Novo Cabrais, devido à emancipação do município.
“Ele foi encontrado quase embaixo do asfalto, pois ali tem um bueiro bem grande para escoar a água e é um banhado, com muito espinho da planta gravatá. Foi quando meu pai e o empregado viram um barulho e cheiro forte de sangue. Coitado, estava muito mal e quase não se mexia“, contou. O pai de Marcondes, Zeniro Renato Zuge, morreu tragicamente aos 69 anos, na virada de 2016 para 2017, próximo do local onde Zambinha foi encontrado.
Na ocasião, o motorista de uma caminhonete colidiu violentamente com o trator que ele conduzia e Zuge não resistiu. “Eu estudava no Colégio Rui Barbosa, em Cabrais. Quando cheguei do colégio, era só o que se falava. Lembro que em uma aula de português até fiz uma redação com a história do Alexandre”, salientou Marcondes, afirmando ainda que gostaria de conversar pessoalmente com Zambinha sobre o episódio.
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Assista o podcast com Zambinha:
Delegado e inspetor também participaram
Em 78 horas, entre as 21 horas de 3 de maio e as 3 horas de 7 de maio de 1994, Zambinha permaneceu vendado, algemado e acorrentado em uma árvore, no cativeiro montado pelos sequestradores na localidade de Cava Funda, interior de Sinimbu, até ser baleado no peito e jogado na lavoura, onde ficou agonizando por horas até ser salvo.
Após uma investigação histórica, Carlos Ivan Fischer, o Teco, então com 27 anos, e seu primo Luciano, de 21, terminaram condenados em 30 de novembro de 1994 a 18 e dez anos de prisão, respectivamente. Responsável por assinar o inquérito de 700 páginas que indiciou os autores, o delegado Lionir José Lemes da Silva, hoje com 78 anos, foi outro personagem histórico que acompanhou a série lançada pela Gazeta sobre o sequestro.
Atualmente morando em Rio Pardo, ele afirmou que na época o fato tomou uma repercussão muito grande, em nível nacional. “Tínhamos uma equipe excelente na delegacia. E esse foi o caso que exigiu mais trabalho e que marcou e coroou a minha carreira”, comentou ele, que se aposentou da Polícia Civil em 1998.
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Considerado atualmente um dos principais advogados criminalistas da região, Luiz Pedro Swarovsky foi policial civil entre 1986 e 1996. Ele era inspetor e atuou na investigação.
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“O Teco jogou a pasta do Zambinha no rio e dentro estavam as placas de um veículo que ele tinha vendido, pois na época não precisava entregar a placa quando negociava um carro. Um pescador achou a pasta, nos entregou e rastreamos de quem era o automóvel. Esse foi outro dos elementos importantes que apuramos”, comentou ele, que junto de Gerson Silveira tomou os depoimentos dos acusados na sede da delegacia.
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Redes sociais
Nas redes sociais, as matérias também repercutiram. “Lembro de tudo isso! Era só o que se falava à época”, comentou o comissário Orlando Brito de Campos Júnior. Segundo o leitor Daniel, sua casa da época de criança ficava próximo do cativeiro onde Zambinha esteve acorrentado. “Tinha uns colegas meus que passavam a pé bem ao lado para virem à escola. Mal sabiam do perigo, do que podia acontecer com eles também, caso o vissem no cativeiro.”
Sandra comentou que Zambinha esteve em sua festa de aniversário, meses antes do crime. Já Luiz parabenizou os policiais Celso e Calderaro, que foram entrevistados para a segunda reportagem da série. A leitora Maribel ainda comentou o drama da família Dias. “Já tinham perdido filhos em acidentes de carro. Imagina perder mais um na mão dos criminosos. Graças a Deus que no final deu tudo certo.”
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